O governo apura se houve falha na segurança privada do Palácio do Buriti, que possa ter facilitado a ação de bandidos no roubo de dois caixas eletrônicos no prédio anexo do GDF. Suspeitos estão foragidos
As empresas que fazem a segurança do anexo do Palácio do Buriti, sede do Governo do Distrito Federal, serão investigadas após uma quadrilha explodir dois caixas eletrônicos por volta das 3h de ontem, no lado norte do prédio. Por meio da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag), o Executivo local pediu uma apuração para averiguar possíveis falhas de funcionários da Brasfort e da Cinco Estrelas, que poderiam ter facilitado a ação.
A Seplag pediu a abertura da investigação em caráter administrativo, para avaliar o contrato com as prestadoras de serviço. A análise deve ocorrer em até 10 dias e, se necessário, será instaurada uma sindicância. A pasta informou que o anexo do Buriti tem cinco postos de vigilância por turno, com quatro vigilantes armados e um desarmado. Além disso, o prédio possui dois brigadistas durante a noite. Também há um posto na frente do Palácio do Buriti, sob a responsabilidade da Casa Militar, e um vigilante de plantão dentro da agência do BRB.
Segundo o secretário de imprensa do Sindicato dos Vigilantes (Sindesv-DF), Gilmar Rodrigues, não há vigilantes designados para a área onde ficam os terminais bancários. “A portaria voltada para o estacionamento só funciona de dia. À noite, os profissionais fazem a segurança na outra entrada. Se tivesse vigilante para os caixas, isso não teria acontecido”, disse. No momento da explosão, os vigilantes do turno estavam dentro do prédio, ainda de acordo com Rodrigues. As empresas não se pronunciaram.
Imagens
O Correio teve acesso às gravações do circuito interno do prédio onde ocorreu a explosão. Nas imagens, é possível ver que dois homens arrombam a porta de vidro com um pé de cabra. Em seguida, um dos ladrões usa a mesma ferramenta para abrir um caixa eletrônico, onde o comparsa coloca os explosivos. Eles acendem a dinamite e o vídeo acaba no momento da detonação. Toda a ação durou cerca de cinco minutos.
Além do furto, os bandidos deram ao menos dois tiros para o alto. Peritos encontraram três cápsulas de calibre .556, munição usada em um fuzil de uso exclusivo das forças armadas e das forças policiais. A Polícia Civil não divulgou quanto os criminosos levaram, mas o grupo deixou cerca de R$ 6 mil para trás. Eles fugiram em um Fiat Palio branco, e abandonaram o veículo minutos depois, próximo ao Autódromo Nelson Piquet, onde o incendiaram.
Apurações preliminares indicam que ao menos três pessoas participaram da ação e os envolvidos fazem parte de uma quadrilha especializada no arrombamento de terminais de autoatendimento. “Há indícios de que o grupo já realizou essa ação anteriormente e, provavelmente, voltará a realizar”, comentou o delegado Fernando César Costa, chefe da Coordenação Especial de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e aos Crimes Contra a Administração Pública (Cecor).
A Defesa Civil constatou não haver danos estruturais da edificação. Os caixas que explodiram pertenciam ao Banco do Brasil e à Caixa Econômica Federal. O Banco do Brasil informou que não há previsão de normalização do atendimento para o terminal instalado no anexo do Palácio do Buriti.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social, com o caso de ontem, houve quatro arrombamentos de caixas eletrônicos no Distrito Federal em 2018. Em três casos, os criminosos conseguiram abrir o compartimento do caixa e levar o dinheiro. No mesmo período de 2017, a pasta registrou 13 ocorrências.