Uma lei sancionada pelo governador Ibaneis Rocha (MDB) extinguiu o Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans) e transferiu parte das atribuições do órgão para a Secretaria e Mobilidade (Semob) e o Banco de Brasília (BRB). As mudanças foram publicadas no Diário Oficial nesta segunda-feira (22).
Com as novas regras, o BRB assume a responsabilidade pela comercialização e pelo processamento dos créditos do Sistema de Bilhetagem Automática. Dessa forma, o banco passa a administrar os processos de recarrega dos cartões de integração.
Já a Semob ficará responsável por medidas como o planejamento e coordenação do transporte público na capital, além da política tarifária e a emissão de cartões, como o do Passe Livre. Os servidores e o orçamento do DFTrans também serão absorvidos pela pasta.
Além disso, a secretaria terá de fiscalizar a qualidade da oferta dos serviços de transporte, prevenir as ações ilegais e gerir acordos e contratos firmados pelo órgão anterior, segundo o novo regulamento.
Críticas do governador
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O projeto de extinção do DFTrans foi apresentado pelo Executivo à Câmara Legislativa do DF. A proposta foi protocolada na Casa pouco mais de um mês depois que o governador Ibaneis Rocha chamou o órgão de “central de corrupção”.
“Acabou a bilhetagem, eu vou acabar com o DFTrans porque é um órgão que só tem dado trabalho para a população, desrespeito à população e é um órgão central de corrupção”, afirmou à época.
E entre os passageiros…
Além das críticas do próprio governo, o órgão acumula críticas de usuários, que reclamam de problemas na utilização dos cartões fornecidos pelo DFTrans.
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Em um caso recente, no início de julho, cartões do Passe Livre foram “queimados” ao passar pelos validadores de ônibus, segundo relatos de estudantes da capital. Com o problema, os alunos tiveram que pagar as viagens de ida e volta para as faculdades.
Após as queixas, o GDF fez um levantamento e identificou 26 cartões com chips danificados. De acordo com o departamento, uma avaliação técnica dos validadores seria feita. A reportagem aguarda resposta do órgão sobre o resultado do levantamento.
Órgãos investigados
Tanto o DFTrans como o BRB são alvos de investigações da polícia por suspeitas de fraudes. Em março desse ano, 17 pessoas investigadas na operação Circus Maximus – que apura crimes cometidos por dirigentes do banco – foram tornadas rés na Justiça Federal.
A operação investiga um esquema de pagamento de propinas a diretores e ex-diretores do BRB em troca de investimentos em projetos como o do extinto Trump Hotel, no Rio de Janeiro, atualmente LSH Lifestyle. De acordo com os investigadores, uma organização criminosa atuava no banco desde 2014.
Segundo a denúncia, o esquema gerou um prejuízo de aproximadamente R$ 348 milhões ao BRB, participantes de fundos de pensão e regimes de previdência, poupadores e ao sistema financeiro nacional.
Já em março do ano passado, 45 pessoas foram detidas acusadas de fraudes no DFTrans. De acordo com a polícia, os desvios somaram mais de R$ 1 bilhão.
Um dos presos era Harumy Tomonori Honda que, à época, atuava como diretor do controle de bilhetagem automática do órgão. O ex-diretor do órgão Léo Carlos Cruz também foi alvo de mandado de busca e apreensão. Após a operação policial, ele foi exonerado do cargo.