Tudo começou com um sangramento no nariz. Era um dia comum para Maria Laura Abdon, 13 anos, quando ela foi levada ao Hospital Regional de Sobradinho (HRS) para conter a hemorragia nasal. Após fazer um exame de sangue, encaminharam-na ao Hospital da Criança de Brasília José de Alencar (HCB), com suspeita de câncer.
“Tudo mudou, literalmente, da noite para o dia”, relembra a mãe, Thatianne Abdon. A partir do hemograma e de exames complementares, a equipe de oncologia do HCB chegou ao diagnóstico: leucemia linfoide aguda (LLA), o tipo de câncer mais comum entre crianças e adolescentes. Começou, então, uma intensa rotina de tratamento.
Três dias após a entrada no pronto-socorro do HRS, Maria Laura fazia a primeira sessão de quimioterapia no HCB. “Nossa principal arma contra a doença é o diagnóstico precoce”, enfatiza a oncologista pediátrica e diretora técnica do HCB, Isis Magalhães, para quem é igualmente importante “o tratamento adequado, no tempo certo”.
No Distrito Federal, o câncer é a primeira causa de morte por doença na faixa etária de 5 a 19 anos. Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) estimam que, entre 2020 e 2023, 8,4 mil crianças e adolescentes desenvolvam a doença anualmente em todo o país. Para alertar sobre essa incidência, 15 de fevereiro é marcado como o Dia Internacional do Câncer na Infância.
No caso das crianças, o diagnóstico precoce é a melhor alternativa para a cura, já que, diferentemente da doença em adultos, não é possível prevenir os casos infantojuvenis. Além disso, Isis explica que, nas crianças, as células doentes se multiplicam mais rápido que nos adultos, o que torna a doença mais agressiva.
Nos casos de leucemia, a quimioterapia aumenta em 80% as chances de cura. “Maria Laura respondeu muito bem à medicação, e, em 15 dias, a quantidade de células cancerígenas diminuiu bastante”, comenta a mãe da menina.
Acompanhamento
Os sintomas iniciais do câncer nas crianças e nos adolescentes são parecidos com os de doenças comuns da infância. No caso da leucemia, os sinais são palidez, infecções frequentes, manchas roxas na pele e sangramentos repentinos. Já tumores cerebrais causam sintomas como dores de cabeça, vômitos matinais, alterações cognitivas e mudanças no andar.
Por isso, o ideal é levar a criança para o acompanhamento com as equipes de saúde da família nas unidades básicas de saúde (UBSs). Assim, com a ajuda dos profissionais, caso surja alguma suspeita, o paciente pode ser encaminhado ao HCB, centro de referência no tratamento de câncer de crianças e adolescentes no DF. Em 2021, essa unidade hospitalar somou 4,5 mil sessões de quimioterapia.
Esperança
“Estamos entrando na reta final, mas tivemos, sim, a fase do medo”, relata Thatianne Abdon. Após sete meses de tratamento, 22 sessões de quimioterapia e alguns períodos de internação, quem encontra mãe e filha nos corredores do hospital tão confiantes, companheiras e sorridentes, não imagina tudo o que passaram.
“A gente está em um hospital muito bom, com profissionais incríveis; não tem como dar errado”, elogia Maria Laura. A menina tem planos para quando o tratamento acabar: retomar os estudos. E, mais para frente, também já sabe o que fazer: “Penso em ser psicóloga, para ajudar as crianças que estão na mesma situação”.
Fonte: Agencia Brasília