O diretor de Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, Petrônio da Silva Lopes, pediu demissão do cargo nessa quinta-feira (23). A pasta confirmou a solicitação, que foi apresentada por meio de uma carta. No texto, Petrônio justificou “motivos de caráter pessoal”.
A solicitação do gestor ocorre na mesma semana em que a Saúde divulgou um boletim epidemiológico informando que o DF registrou 19.812 mil notificações de dengue, entre janeiro e 11 de maio deste ano. O número é 12 vezes maior do que o contabilizado no mesmo período do ano passado – quando foram 1.676 casos.
Do total de notificações de 2019, 17.304 foram consideradas casos prováveis. A alta no número de ocorrências também causou um salto nos registros de mortes pela doença: 16 em 2019, contra apenas uma nos primeiros cinco meses de 2018.
15 casos em uma escola
Na Escola da Fundação Bradesco, em Ceilândia, professores e alunos começaram a apresentar sintomas da dengue desde quinta-feira da semana passada. Após exames, 15 casos foram confirmados – dez estudantes e cinco docentes.
Nesta sexta-feira (24), a Vigilância Ambiental foi ao local e encontrou, nos fundos da instituição, lixo doméstico, sacos plásticos, roupas e pneus jogados a céu aberto.
Vigilância Ambiental encontra lixo próximo à escola de Ceilândia, no Distrito Federal, onde 15 pessoas pegaram dengue — Foto: TV Globo/Reprodução
Ceilândia – a maior cidade do DF – é a segunda região com mais ocorrências da doença (1.961). A cidade somente fica atrás de Planaltina, que teve 2.076 casos.
Fumacê
Mesmo com a disparada de casos no DF, uma das medidas de combate à dengue foi suspensa pelo governo. O carro do “fumacê” – que lança inseticida pelas ruas para combater a proliferação do Aedes aegypti – deixou de circular pelo Distrito Federal na semana passada.
Carro do fumacê da Vigilância Sanitária do DF — Foto: Pedro Ventura/Agência Brasília
O serviço foi interrompido por conta de problemas no galpão onde a mistura é preparada, em Taguatinga Norte. O local foi interditado pelo Ministério Público do Trabalho no último dia 14 por uma série de irregularidades.
No galpão onde o fumacê era produzido, inseticidas vencidos eram misturados a venenos ainda dentro da validade, segundo o MPT. Tudo era feito em cima de uma bancada improvisada e os funis eram, na verdade, galões de água cortados. Sujeira e falta de ventilação também integravam o cenário.
Após a divulgação do caso, a Secretaria de Saúde prometeu retomar o serviço ainda nesta semana.