Apesar de a área plantada de soja ser considerada pequena na região, produtores conseguem 3,3 mil kg/ha, melhor até do que o colhido nos Estados Unidos
A produtividade da safra de soja no Distrito Federal chegou a 3,3 mil quilos por hectare (kg/ha) neste ano, cerca de 15% a mais do que a safra passada. É a maior produtividade do Brasil, considerando a área plantada de 70 mil hectares. O cultivo esse ano atingiu 215 mil toneladas, número que demonstra a pujança da cultura no DF. A maior parte da colheita — 115 mil toneladas — destinou-se ao mercado externo. Foi exportada para China, Japão e Europa.
A produtividade da safra de soja no Distrito Federal chegou a 3,3 mil quilos por hectare (kg/ha) neste ano, cerca de 15% a mais do que a safra passada. É a maior produtividade do Brasil, considerando a área plantada de 70 mil hectares. O cultivo esse ano atingiu 215 mil toneladas, número que demonstra a pujança da cultura no DF. A maior parte da colheita — 115 mil toneladas — destinou-se ao mercado externo. Foi exportada para China, Japão e Europa.
Cerca de 30 mil toneladas estão sendo negociadas com produtores de Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e do Tocantins para o plantio da próxima safra — as sementes da soja cultivada no DF são consideradas de excelente qualidade e servem de matriz para outros lugares. 70 mil toneladas aguardam o melhor momento para serem vendidas. No galpão da Cooperativa Agropecuária da Região do Distrito Federal (Coopa-DF), localizado no quilômetro 6,5 da BR 251, que liga Brasília a Unaí, atualmente existem 25 mil toneladas de soja estocadas, esperando que o preço atual da saca, de R$ 58, suba.
Mesmo com uma área de cultivo entre as menores do Brasil, a produção de soja do DF aumenta a cada ano. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam que a capital possui cerca de 250 áreas onde o grão é plantado. A produção local, no entanto, se destaca pela produtividade e pela qualidade, características engrossadas pelo clima seco, favorável ao plantio, uso sistemático de tecnologias de produção, boas práticas conservacionistas de solo e ao próprio melhoramento genético, proporcionado, sobretudo, pela proximidade com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Entretanto, a Coopa-DF comprou toda a produção de soja dos 200 associados. Mais de 50% da safra foi vendida para o mercado externo no ano passado, no início do plantio, baseado no valor da saca fixada pela Bolsa de Chicago. Em setembro de 2016, a saca de soja da safra 2017 estava sendo negociada no mercado futuro pelo equivalente a R$ 80, considerado excelente preço para o produto. “Boa parte d safra é vendida para o mercado externo. Negociamos a venda da safra com as tradings (empresas especializadas em comércio internacional) com bastante antecedência, e por um preço muito bom”, explicou Claudio Malinski, diretor técnico da Coopa-DF.
Negociação
O início do plantio da soja, em setembro, marca também o começo das negociações de venda dos agricultores, com objetivo de fechar contratos pré-fixados que cubram, pelo menos, 40% da colheita. É nesse momento que os produtores começam a fazer análise das condições climáticas, ponderações de custo e produção e cálculos de risco para fechar valores para a colheita.
No cálculo de custo/produção existe uma série de descontos que os produtores têm que colocar na ponta do lápis — 2,3% do fundo rural, de 1% a 1,5% para pagamento de frete e pelo menos 2% para a armazenagem. “Com os contratos futuros, nos resguardamos quanto aos riscos na colheita e conseguimos garantir um valor para cobrir os custos de produção”, explicou Luiz Angelo Cappellesso, proprietário da Fazenda Fronteira, que tem 1,6 mil hectares plantados e receita bruta de R$ 3,3 mil, por hectare.
A Coopa-DF comemora o planejamento detalhado e a destinação certa da safra. Além das exportações, parte da produção é destinada ao aprimoramento da qualidade das sementes para serem utilizadas no plantio da próxima safra, a partir de setembro. O clima muito seco do DF favorece o aprimoramento genético das sementes. Multinacionais que atuam no Brasil, como a Syngenta, Down Science, Werma e Pionner multiplicam as sementes de soja das lavouras do DF e depois vendem as da soja genética, já melhorada, para o cultivo nos estados de Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais.
É um bom negócio para todos. As multinacionais fazem contratos diretamente com os produtores rurais. As empresas arrendam terras para o cultivo, fornecem sementes de alto padrão de qualidade, sem custo, aos agricultores e garantem a assistência técnica durante todo o processo de produção e colheita. Além disso, os produtores recebem um bônus de 10% sobre o preço comercial, mais o pagamento do frete para o transporte do produto. O agricultor Alan Cenci, da fazenda Buriti Vermelho, só vê vantagens nesse tipo de negócio. No ano passado, ele fechou parceria com a Pionner para o cultivo de sementes em cerca de 40% de seus 2,5 mil hectares de terra. Em março, Cenci entregou à empresa 50 mil sacas de soja, comercializadas por R$ 65 cada. “É um negócio que compensa porque a empresa ainda paga 10% de bônus”, explicou.
“Boa parte da safra é vendida para o mercado externo. Negociamos a venda da safra com as tradings com bastante antecedência, e por um preço muito bom”
Claudio Malinski, diretor técnico da Coopa-DF
Semente de alta qualidade
Na ponta da produção de soja de altíssima qualidade, o programa de melhoramento genético da Embrapa avança nas pesquisas para potencializar os meios de produção da soja nacional. No mês passado, duas novas variedades de sementes foram lançadas durante a feira de tecnologia Agrobrasília 2017. A semente BRS 7280, uma cultivar superprecoce, é resistente à ferrugem asiática, causada por um tipo de fungo, e tem bom crescimento quando plantada tanto no início da estação chuvosa quanto no final do plantio, em dezembro. Além de ser uma variedade que se adapta bem às diferentes regiões, a semente pode ser utilizada em sistemas de integração lavoura/pecuária, na conversão de áreas de pastagens degradadas em agricultura.
A semente BRS 6980 foi apresentada na Agrobrasília 2017 como um dos produtos que estão na vanguarda de tecnologias da Embrapa, sendo, atualmente, o material de soja não transgênica mais precoce do Cerrado. A semente pode ser usada em sistemas de sucessão safra/safrinha e a produtividade média é de mais de 70 sacas por hectare. “É uma tecnologia sustentável não apenas do ponto de vista econômico como também do ponto de vista ambiental, pois é um material de ciclo rápido, que demanda pouco insumo e tem grande eficiência no uso de defensivos agrícolas”, afirmou o pesquisador da Embrapa Cerrados, Sebastião Pedro da Silva Neto.
Crescimento
A área plantada de soja do Brasil crescerá entre 2% e 3% na próxima safra, de 2017/2018, segundo estimativa do Ministério da Agricultura. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), atualmente a área plantada no Brasil é de 33,8 milhões de hectares. A expectativa de crescimento é puxada pelas regiões Centro-Oeste e de Matopiba, que abrange os estados da Bahia, Maranhão, Tocantins e Piauí.
O Brasil é o maior exportador global de soja e colheu, em 2016/2017, um recorde de 113 milhões de toneladas, segundo as últimas previsões do Ministério da Agricultura. O plantio da safra 2017/18 começa em meados de setembro.
O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola de maio estima uma safra recorde de 238,6 milhões de toneladas em 2017, um aumento de 29,2% em relação à produção de 2016. De acordo com estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a área semeada é de 60,9 milhões de hectares, crescimento de 0,2% em relação à área plantada em abril. Arroz, milho e soja respondem por 87,3% da área a ser colhida.
O grão no DF
Área plantada
70 mil hectares
Produtividade
3,3 mil kg/ha
Destino
Mais de 50% para o exterior
Colheita
início em fevereiro
No Brasil (segundo maior produtor mundial do grão)
Produção
95,631 milhões de toneladas
Área plantada
33,177 milhões de hectares
Produtividade
2.882 kg/ha (com quebra)
Mato Grosso (maior produtor brasileiro de soja)
Produção
26.058 milhões de toneladas
Área plantada
9,140 milhões de hectares
Produtividade
2.851 kg/ha (com quebra)
Paraná (segundo produtor brasileiro de soja)
Produção
17,102 milhões de toneladas
Área plantada
5,445 milhões de hectares
Produtividade
3.141 kg/ha
Rio Grande do Sul (terceiro produtor brasileiro de soja)
Produção
16,201 milhões de toneladas
Área plantada
5,455 milhões de hectares
Produtividade
2.970 kg/ha
No mundo
Produção
312,4 milhões de toneladas
Área plantada
119,7 milhões de hectares
Nos EUA (maior produtor mundial do grão)
Produção
106,9 milhões de toneladas
Área plantada
33,1 milhões de hectares
Produtividade
3.230 kg/ha
Fontes: Conab e USDA