Formar médicos e enfermeiros preparados para lidar com as especificidades de atendimento da rede pública de saúde foi o que levou o governo do Distrito Federal a criar a Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS), em 2001. A instituição que, inicialmente, formava apenas médicos, ampliou os cursos e, agora, se prepara para se tornar universidade.
Na quinta-feira, o projeto que vai alterar a lei de criação da ESCS para transformá-la em Universidade de Ciências da Saúde do DF (Unisus) será apresentado à comunidade acadêmica e, em seguida, encaminhado para a Câmara Legislativa. Até o fim do ano, espera-se que seja aprovado. A proposta resolverá problemas administrativos e fortalecerá a escola. …
A ESCS nasceu com uma proposta inovadora que, diante das atuais polêmicas sobre a formação inadequada e a ausência de médicos suficientes no SUS, é vista por especialistas como uma solução. Os estudantes dos dois cursos disponíveis atualmente – Medicina e Enfermagem – têm atividades práticas na rede pública desde o 1º ano.
“Hoje há um abismo entre o mundo do trabalho e a formação do estudante, mas os nossos estudantes se formam dentro do SUS e para o SUS”, garante Gislene Regina de Sousa Capitani, diretora-executiva da Faculdade de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (Fepecs), entidade da Secretaria de Saúde mantenedora da ESCS.
A metodologia de ensino da instituição também é diferente. Os estudantes, desde o 1º ano, discutem problemas reais das diferentes regiões e níveis de atendimento da rede, trazidos por tutores. Esses professores não dão aulas convencionais. Apresentam as dificuldades da rede, auxiliam em pesquisas quando necessário e deixam os alunos estudarem a fundo o problema.
“No começo, assusta, dá vontade de sair correndo. Passamos a vida sentados, ouvindo um professor, eu achava que não ia funcionar. Hoje, defendo com unhas e dentes”, comenta Michelly Torres Maia, 22 anos, aluna do 4º ano de Medicina. Ela conta que fez vestibulares para várias instituições e a metodologia não foi o fator de decisão pela ESCS.
O modelo do curso de Medicina da ESCS atende às diretrizes curriculares nacionais, aprovadas dois meses antes da criação da instituição, e que ainda estão longe de ser realidade na maioria das escolas médicas. As orientações para os currículos de Medicina já completaram 12 anos e exigem mais integração entre o ensino e o mundo do trabalho. Especialmente no SUS.
Os estudantes da ESCS saem da escola com uma formação holística, de modo que possam resolver os problemas mais prevalentes nos pacientes. “A escola se propõe a formar médicos generalistas, o conhecimento específico será aprendido em outra fase. Temos muito contato com o paciente, então não temos medo dele”, analisa Landwehrner.
Até 2015, a ampliação também ocorrerá na pós-graduação. Um curso de doutorado na área de Educação em Saúde será montando. Uma das possibilidades será estender uma parceria feita com a Universidade de Maastricht para o mestrado. A universidade holandesa tem um reconhecido programa de ensino na área de aprendizagem baseada em problemas.
O secretário de Saúde do DF continuará presidindo o Conselho Deliberativo da Fepecs, a mantenedora que será uma fundação pública vinculada ao governo local. Segundo Gislene, isso é importante para garantir que as políticas de ensino continuem voltadas para as necessidades da rede de saúde.