Divergências internas e entre aliados fazem com que coalizão capitaneada pelo senador Cristovam Buarque e pelo deputado Izalci Lucas enfrente dificuldades para definir nomes majoritários. Convenções partidárias começam em 20 de julho
A um mês do início das convenções partidárias, período em que são fechadas candidaturas e coligações, a chapa do senador Cristovam Buarque (PPS) e do pré-candidato ao Palácio do Buriti Izalci Lucas (PSDB) patina. Sem fechar as nominatas de deputados federais devido a divergências entre as nove siglas do grupo, os integrantes adiam também o lançamento dos nomes majoritários. Ao mesmo tempo, correligionários do deputado federal continuam a recorrer à Justiça para garantir eleições internas e retirá-lo do comando da legenda — nova ação será protocolada hoje no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A série de embaraços, com destaque à insegurança partidária do deputado, desperta receio entre integrantes da coalizão, que não descartam eventual rompimento.
Em uma investida para alcançar o eleitorado mesmo em meio ao impasse, Cristovam, Izalci e o deputado federal Rogério Rosso (PSD), que avalia se candidatar ao Senado, adotaram a estratégia de mandar para as ruas o empresário Wanderley Tavares (PRB), cotado para vice. À população, o presidente do partido ligado à Igreja Universal do Reino de Deus apresenta-se como pré-candidato ao GDF. A ideia é ganhar densidade, principalmente no meio evangélico, para, depois, assumir o posto de número dois na disputa.
A delonga, entretanto, provoca preocupação. O fator Copa do Mundo é um agravante, pois, após o torneio ao qual estarão voltados os olhos da população, iniciam-se as convenções partidárias. Ou seja, o prazo para a definição preliminar está se esvaindo. “O PPS luta por essa frente, mas temos um tempo para isso. Não ficaremos a vida inteira esperando”, disse o presidente do partido no DF, Chico Andrade. Com o imbróglio, cresce nos bastidores a aposta de que o pré-candidato à reeleição Cristovam Buarque migrará para a chapa de Jofran Frejat (PR). Abertamente, o parlamentar nega a possibilidade.
O nanico PSC também cobra postura incisiva dos articuladores. Comandante da sigla na capital, Zenóbio Rocha afirma que a demora pode comprometer as pré-candidaturas. “Ninguém quer se separar do grupo. Mas, se o cenário permanecer confuso, não descartamos sair sozinhos”, pontuou. Potencial vice da chapa, Tavares afirma que as discussões ainda são necessárias para atender os interesses de todas as siglas, das que buscam espaço no Executivo e Senado às que desejam vagas na Câmara dos Deputados. “Vamos fechar apenas quando as proporcionais estiverem prontas e todos tiverem a segurança necessária para uma coligação dessa amplitude”, defendeu.
Nova ação
Simultaneamente, Izalci enfrenta problemas no próprio PSDB. Correligionários recorrerão hoje ao TSE para garantir a realização do pleito interno antes do fim da vigência da intervenção que o colocou na Presidência da legenda até 1º de outubro, às vésperas das eleições gerais. No processo, ressaltarão que o deputado está no posto desde 2015, contrariando resolução da própria Corte — a norma prevê que os mandatos provisórios tenham validade de 120 dias, podendo ser renovados por igual período, “salvo se o estatuto partidário estabelecer prazo razoável diverso”. Se deferida, a eleição interna pode prejudicar a candidatura do parlamentar ao Buriti.
Ao Correio, Izalci afirmou estar tranquilo quanto à segurança partidária. “O ato que me reconduziu à Presidência é nacional, respaldado pelo estatuto”, destacou. A respeito das questões levantadas por aliados, garantiu que “o grupo está mais unido do que nunca”. “Todos têm consciência de que ganharemos juntos no segundo turno. Como são muitos partidos, temos de garantir que cada um tenha condições de eleger seus federais”, frisou.