O governador do Estado de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou nesta quinta-feira (5) novos recursos para as vítimas dos deslizamentos causados pelo temporal na Baixada Santista e, ainda, durante coletiva realizada em Guarujá, criticou o presidente Jair Bolsonaro por não ter se manifestado sobre a tragédia. Na região, pelo menos 28 pessoas morreram soterradas.
Doria veio pela segunda vez à cidade após o temporal que teve início na noite de segunda-feira (2) e provocou diversos transtornos na região. Deslizamentos de terra foram registrados, dezenas de pessoas morreram e centenas estão desabrigadas.
Durante a coletiva de imprensa desta quinta-feira, Doria anunciou R$ 50 milhões para investimento em infraestrutura para os municípios atingidos pela chuva (leia abaixo) e, ainda, criticou o presidente Jair Bolsonaro por não ter se pronunciado diretamento com ele sobre as mortes e efeitos das chuvas na Baixada Santista.
“Não me telefonou, não me mandou Whatsapp, não se manifestou, o que seria uma situação normal se tivesse havido uma manifestação do presidente Jair Bolsonaro. (…) Eu lamento, acho que seria um gesto humanitário de um presidente da República em situações tão difíceis e tão graves como essa, seria minimamente aceitável que ele demonstrasse sua solidariedade. Não o fez até agora”, disse.
Jair Bolsonaro, que costuma visitar o Guarujá em feriados, fez uma publicação no Twitter na terça-feira (3) lamentando as mortes. O Brasil 060 entrou em contato com a assessoria do presidente sobre o assunto mas, até o momento, não obteve retorno.
Apesar disso, Doria disse que entrou em contato com o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, e solicitou que, além dos R$ 50 milhões que o Estado destinará aos municípios de Guarujá, São Vicente e Santos, que o Governo Federal possa também destinar recursos para as obras de recuperação nas cidades.
“O ministro foi sensível, disse que não poderia falar sobre valor, mas tenho certeza de que responderá positivamente às demandas que serão encaminhadas pelos prefeitos”, disse.
Paralelo a isso, o Governo Federal, por meio do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), reconheceu o estado de calamidade pública em Guarujá e a situação de emergência em Santos e São Vicente, por conta das fortes chuvas. A decisão foi publicada na edição desta quinta-feira (5) do Diário Oficial da União.
Com a medida, as localidades poderão ter acesso a recursos federais para ações de socorro, assistência, restabelecimento de serviços essenciais à população e reconstrução de estruturas públicas danificadas.
Mais recursos
Após anunciar a liberação do Aluguel Social para pessoas desabrigadas e desalojadas um dia após temporal, na coletiva desta quinta-feira o governador de São Paulo disse que autorizou R$ 50 milhões para Guarujá, Santos e São Vicente e outras cidades da região que têm famílias desabrigadas após a chuva, como Peruíbe. De acordo com ele, a destinação da verba deverá ser definida pelos prefeitos de cada cidade.
O dinheiro será repassado pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional após as três prefeituras apresentarem projetos para obras como recuperação de vias, construção de muros de contenção e serviços emergenciais para mitigar o risco de deslizamentos em encostas.
“A partir de amanhã [sexta-feira] prefeitos já poderão fazer seus encaminhamentos. Haverá uma proporcionalidade, evidentemente, onde houve a tragédia maior a proporção de recursos será maior.”
Ainda segundo Doria, aqueles que foram vitimados pela chuva e perderam suas casas e residências, terá acesso a R$ 1 mil, de uma verba proveniente do Governo do Estado, para reparação de danos. Os municípios devem cadastrar as famílias necessitadas para que o convênio com o Governo do Estado seja formalizado e haja a liberação do dinheiro. O aluguel social será pago por até 12 meses.
“Nosso objetivo é priorizar habitação definitiva para essas 483 pessoas. Estamos falando, em média, de cem famílias”, acrescentou Doria.
As 485 pessoas cadastradas pelas prefeituras poderão retirar essa quantia e, ainda, R$ 500 do projeto Aluguel Social, que conta com 50% de verba do governo e 50% da administração municipal.
Outra medida anunciada por Doria foi que nas unidades do Bom Prato em Santos, São Vicente e Guarujá, as pessoas cadastradas pelas prefeituras como atingidas pelo temporal não pagarão pela refeição nos próximos 15 dias.
Além disso, o governador afirmou que há um trabalho de habitação comm o objetivo de oferecer moradias para aqueles que perderam tudo por conta da chuva. A Secretaria de Estado da Habitação tem 3.273 moradias populares programadas ou em construção em Santos, São Vicente e Guarujá, totalizando investimento previsto de R$ 300 milhões. Nos últimos cinco anos, o Estado investiu R$ 300 milhões para entregar 3.268 unidades habitacionais nas três cidades do litoral.
Mais cedo, em evento na capital com prefeitos de todas as regiões do Estado, Doria reforçou a necessidade de um plano emergencial para retirada de bairros e comunidades construídas em áreas de risco, como encostas ocupadas irregularmente ou regiões sujeitas a grandes inundações.
“Por favor, mobilizem-se com a Defesa Civil e a Polícia Militar para retirar essas pessoas das áreas de risco iminente de desastre. É o momento de agirmos de forma objetiva e solidária com a população”, pediu o governador às autoridades municipais.
Desabrigados
De acordo com a Defesa Civil do Estado, até a manhã desta quinta-feira (5), havia 151 desabrigados em Guarujá, 3 em São Vicente e 150 em Santos. Eles estão sendo recebidos em abrigos e escolas. Em Peruíbe, são 102 desabrigados, que deixaram temporariamente suas casas e foram recebidos no Centro Comunitário do Caraminguava.
Doações
As cidades da Baixada Santista estão recebendo doações para as famílias que foram prejudicadas pelo forte temporal. há uma necessidade maior de doações de colchões, travesseiros e roupa de cama para as vítimas do temporal. Também são necessários itens como roupas de banho, alimentos em geral, água e produtos de higiene pessoal.
Há postos de coleta em Santos, São Vicente, Cubatão e Guarujá.
Chuva na Baixada
O temporal começou na noite de segunda e se estendeu durante toda a madrugada e manhã de terça-feira. Moradores registraram alagamentos e ruas ficaram intransitáveis em toda a Baixada Santista. Passageiros de um ônibus mostraram o rápido aumento do nível da água no interior do veículo. Diversas linhas de ônibus e itinerários foram comprometidos pelo temporal.
Houve quedas de barreira nas rodovias Anchieta, Cônego Domênico Rangoni, Rio-Santos e Guarujá-Bertioga, que fazem a ligação de cidades da Baixada Santista com outras regiões do Estado de São Paulo. As rodovias precisaram ser interditadas. Nesta quarta-feira, a via Anchieta foi liberada, mas a rodovia Guarujá-Bertioga continuava interditada.