Apesar do sucesso na reforma da Previdência, economistas de grandes instituições financeiras temem pela capacidade de o governo conduzir novas reformas. Para eles, o governo precisa tomar a liderança do processo de mudanças e gastar o capital político disponível durante o início de mandato.
Durante evento em São Paulo, a economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, afirmou que o executivo precisa de um estrategista político à frente das negociações. “As reformas tem perda de curto prazo para alguém. No final, a sociedade ganha, mas é claro que tem perdas de curto prazo. E que são debates e negociações que tem que ser feitos e esse papel é essencialmente do poder Executivo. Você falar em fazer reforma administrativa, mudar as regras do funcionamento do setor público, difícil o Congresso Nacional, sozinho, avançar. Em uma reforma tributária também”, disse.
O mercado tem visto com dificuldade a tramitação da reforma tributária e avalia que ela não deve sair neste ano. Para empresários e investidores, o fatiamento da proposta seria uma boa opção para acelerar o processo e trazer resultados mais efetivos.
A economista-chefe do Santander, Ana Paula Vescovi, aposta na fusão do PIS e COFINS como um ponto de partida. Ela espera que o país entre em uma recuperação econômica gradual. “E o PIS/Cofins é uma urgência, uma prioridade, porque houve decisão recente do STF [Supremo Tribunal Federal] perto de ser modulada e que pode implicar, sim em uma perda relevante de receitas para a União. A reforma do ICMS passa por uma articulação com governadores, com secretários de Fazenda, é uma articulação subnacional igualmente importante, mas é de maior porte porque envolve outro entes federativos.
O banco prevê um crescimento de 0,8% neste ano, 1,6% em 2020 e 2,2% em 2021.