A imensa maioria dos eleitores suíços rejeitou neste domingo propostas para turbinar as reservas de ouro do país e restringir a imigração, evitando um potencial pesadelo para legisladores que nos últimos tempos têm enfrentado reações populares contrárias à política de fronteiras abertas do país.
Os referendos fazem parte de uma recente tomada de iniciativas da Suíça que ameaçaram arranhar sua reputação de país estável.
Eles refletem uma visão pública cada vez mais crescente segundo a qual a Suíça está sob cerco dos trabalhadores estrangeiros e imigrantes que ameaçam a cultura Alpina, e dos parceiros comerciais que insistem que a Suíça rompe com suas políticas econômicas baseadas em sigilo bancário.
“O resultado dos referendos de hoje sobre o ouro e a imigração mostram que a população quer cobrar uma política econômica internacional coerente e não quer criar novas tensões com seus vizinhos de União Europeia”, afirmou Reto Foellmi, professor de Economia Internacional na Universidade de Saint Gallen.
A iniciativa “Salve nosso ouro suíço”, proposta pelo direitista Partido Popular suíço a partir da preocupação de que o banco central vendeu muito da reserva de ouro do país no passado, foi rejeitada por 77 por cento dos eleitores, de acordo com a emissora suíça SRF.
Já a proposta de corte de três quartos do contingente de imigrantes no país, colocada em debate pelo grupo ambientalista Ecopop, foi rejeitada por 74 por cento da população votante, também segundo o SRF.
O referendo do Ecopop, que propunha limitar o número de imigrantes para apenas 0,2 por cento da população residente, era visto como matéria delicada pelo conflito que poderia gerar com a União Europeia, maior parceira comercial dos suíços.
O resultado permite ao governo suíço seguir adiante com suas tentativas de recuperar acordos bilaterais após a aprovação de uma proposta anterior que previa cotas não especificadas de imigração em fevereiro.
“O governo tem mais espaço para negociar com a União Europeia agora”, disse Regula Rytz, co-presidente do Partido Verde.
No entanto, o governo suíço afirmou que o atual cenário entre Suíça e União Europeia, que mantém a posição de que a livre circulação de pessoas é matéria não-negociável, permanece inalterado após os referendos deste domingo.
O sistema de democracia direta na Suíça dá ao eleitorado o direito de forçar a votação popular caso o número de assinaturas seja suficiente. Um terceiro conjunto de propostas para acabar com uma das maiores vantagens fiscais da Suíça para os expatriados também foi derrotado.