Uma imagem extraída do acervo do jornal O Estado de S.Paulo e uma entrevista concedida pelo deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) com elogios ao ex-presidente venezuelano Hugo Chávez circularam pela internet e por aplicativos de mensagem na última segunda-feira (11/12).
Trata-se de um conteúdo que data de 1999 e diz respeito à polêmica visita que Chávez fez ao Brasil. Na época, o jornal entrevistou alguns dos deputados federais para saber o que eles pensavam do ex-militar que havia vencido as eleições venezuelanas com 56% dos votos e que tinha agenda com o então presidente do Brasil, Fernando Henrique Cardoso. Bolsonaro foi um dos ouvidos.
[Hugo Chávez] É uma esperança para a América Latina e gostaria muito que essa filosofia chegasse ao Brasil (…). Ele não é anticomunista e eu também não sou“
Apesar dos elogios feitos ao ex-presidente da Venezuela Hugo Chávez em 1999, em setembro de 2013, o parlamentar subiu à tribuna da Câmara e o classificou como um “ditador”, ao lado do boliviano Evo Morales e do cubano Fidel Castro.
Jair Bolsonaro se posiciona hoje como um dos maiores críticos do “comunismo” no Brasil. Faz oposição ferrenha aos governos petistas de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, dizendo que se trataram de “ditaduras comunistas”.
Uma busca no site da Câmara mostra que, entre 2009 e 2016, o parlamentar citou a palavra “comunismo” pelo menos 26 vezes em discursos feitos no Congresso. “Chávez”, por sua vez, foi mencionado em ao menos 20 ocasiões.
Em uma dessas intervenções, Bolsonaro pediu que um dos sites da Câmara fosse retirado do ar por “explicar princípios do comunismo”. Queria evitar que “a nossa juventude” crescesse “achando que o comunismo, o socialismo e a ditadura, como eles bem escrevem aqui, farão bem para a sociedade um dia”.
Hugo Chávez foi presidente da Venezuela de fevereiro de 1999 a março de 2003. Morreu em decorrência de um câncer e é considerado por especialistas em ciência política um dos expoentes do socialismo do século XXI na América Latina.
De forma muitas vezes controversa, tentou implantar um sistema político inspirado nos ideais de Simon Bolívar, ampliando o nacionalismo à máxima potência e buscando uma educação pública irrestrita e obrigatória. Seu governo é alvo de diversas críticas nacionais e internacionais.
Em vídeo gravado em Pernambuco no mês de maio, Bolsonaro pede a palavra e ironiza o fato de Chávez ter ido “se tratar (de câncer) na melhor medicina do mundo: a cubana” e lembra que ele morreu logo depois. Na gravação, pede que o homem que um dia considerou “uma esperança para a América Latina” “prepare o inferno para receber os líderes comunistas do Brasil”.
Procurado, Bolsonaro afirmou que, no início de sua carreira política, Chávez era um democrata e que, por isso, o admirava. “Mas as pessoas mudam, não é? Isso acontece, às vezes, até em casamentos”.