Brasília –O empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, um dos alvos centrais da Operação Acrônimo, não chegou a dormir na prisão. Depois de passar mais de 12 horas preso na Superintendência da Polícia Federal, no Distrito Federal, Oliveira foi solto ainda na sexta-feira. Para recuperar a liberdade, o empresário teve que pagar fiança de R$ 78 mil. O valor foi arbitrado pelo delegado que está à frente do caso. Ele havia sido preso em flagrante por formação de quadrilha. A Polícia Federal não esclareceu o que o empresário estava fazendo no momento da prisão para configurar o flagrante.
A operação investiga suspeitas de desvio de recursos públicos para campanhas do PT. Oliveira atuou na campanha eleitoral do ano passado do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT). Foram soltos ainda na sexta-feira Marcier Trombiere Moreira, Vitor Nolato e Pedro Augusto Medeiros, também acusados de formação de quadrilha. Os três tiveram que pagar fiança de valores que vão de R$30 mil a R$50mil. O advogado Celso Lemos, responsável pela defesa de Bené, disse que vai pedir a anulação do flagrante eadevolução da fiança. Para ele, a polícia inovou ao prender os acusados em flagrante por formação de quadrilha sem especificar o crime cometido. Teria exagerado também no valor da fiança. “Vamos ver o que o juiz vai dizer sobre isso”, afirmou Lemos. Em outubro do ano passado, durante a campanha eleitoral, a PF apreendeu R$ 113 mil em um avião de Bené que saíra de Belo Horizonte e pousara em Brasília.
A suspeita é de que o dinheiro seria usado em campanhas petistas. As empresas controladas por Bené e seus familiares receberam pelo menos R$ 525 milhões em
contratos com órgãos do governo federal entre 2005 e 2015, em especial os ministérios da Saúde, das Cidades e do Combate à Fome, números apresentados à imprensa pela PF. Segundo a PF, há uma “confusão patrimonial” e indícios de lavagem de dinheiro com o uso de “laranjas”.
A operação incluiu buscas em um endereço usado até o ano passado em Brasília pela atual primeira-dama do governo de Minas, Carolina Oliveira Pereira, que se casou em abril passado com o governador. Pimentel afirmou, no sábado, que houve “um
erro” da PF e negou quaisquer irregularidades nos serviços fornecidos por uma empresa de Carolina que deixou de existir no ano passado, a Oli Comunicação.
DOCUMENTOS Carolina Oliveira divulgou em um site na internet documentos da Oli Comunicação e Imagens, que comprovam que a empresa não funcionava desde julho do ano passado no endereço onde hoje está localizada uma das firmas de Bené. No endereço eletrônico (comunicadoimprensa.com.br), há cópia do termo de encerramento do contrato de aluguel da sala, datado de 20 de julho de 2014 e assinado pela Rafael Souza Empreendimentos Imobiliários. “A Oli Comunicação nunca dividiu seu endereço comercial com qualquer outra empresa. O documento abaixo registra o fim o contrato de locação no edifício Brasil 21, em Brasília, em 20 de julho de 2014. (…)A outra empresa apontada pela investigação passa a ocupar o imóvel apenas no dia 28 de agosto, conforme alteração contratual registrada na Junta Comercial. O documento consta nos autos do processo”, diz o texto, que apresenta o documento.
“A Oli Comunicação exerceu suas funções de maneira regular entre 2012 e o final de 2014. Neste período, nunca recebeu recurso público ou de partidos políticos.” O PSDB de Minas anunciou nessa segunda-feira que pedirá à Procuradoria Regional Eleitoral (PRE) que instaure inquérito para apurar o uso do avião apreendido. Em nota, o
partido afirma que vai solicitar as rotas de voos e a lista de passageiros em cada
trecho cumprido pela aeronave durante o período eleitoral de 2014.
Isso seria feito, segundo os tucanos, por meio de intimação às empresas que administram hangares nos aeroportos em Belo Horizonte e Brasília, além da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e Infraero.
Fonte:EP