São Paulo – O Facebook contratou e pagou pessoas para ouvirem e transcreverem mensagens de áudio que foram enviadas em conversas do aplicativo Messenger. O plano era utilizar o conteúdo para aprimorar recursos de inteligência artificia utilizados pela companhia. Segundo a empresa, tudo foi feito dentro da lei.
De acordo com a Bloomberg, a companhia fundada e comandada por Mark Zuckerberg confirmou que pagou para centenas de funcionários externos para transcreverem mensagens de áudio. Os empregados contratados, que optaram por anonimato, disseram não saber a origem do conteúdo que, por vezes, era “vulgar”.
Na terça-feira (13), a empresa de Menlo Park confirmou a prática e disse que ela foi encerrada há uma semana. O plano do Facebook consistia em educar seus sistemas da análise humana dos registros. Sempre que um sistema automatizado não consegue reconhecer algum som, um humano pode “cadastrá-lo” no sistema.
O problema é que coletar esses dados para análise pode se tornar problemático em relação ao abuso de privacidade dos usuários. E isso é a última coisa que o Facebook precisa.
No mês passado, a empresa fez um acordo com a Federal Trade Comission, órgão independente que atua na proteção aos consumidores nos Estados Unidos, e concordou em pagar uma multa de 5 bilhões de dólares pela exposição de dados no caso da Cambridge Analytica, revelado em 2018.
O caso atual, porém, é diferente do escândalo que pode ter tido influência nos resultados das eleições americanas e no referendo do Brexit. Dessa vez, segundo a companhia, o conteúdo foi obtido de forma voluntária. Os usuários afetados optaram por terem seus bate-papos de voz transcritos compartilhados. Uma funcionalidade incorporada ao Messenger em 2015 permitia aos usuários cederem essas informações de mídia para a companhia.
Vale lembrar que outras gigantes da tecnologia também coletavam esse tipo de informação para aprimorarem a inteligência artificial de seus negócios. Em abril, a Amazon foi acusada de ouvir conversas de usuários capturadas graças aos gadgets da empresa que utilizam o assistente de voz Alexa. A companhia confirmou a prática no começo de julho. A mesma coisa já estava sendo feita por Google e Apple, também com seus assistentes de voz.