Números: da Fenae Brasil e reportagem no Estadão trouxeram números interessantes e surpreendentes. Dos empreendedores brasileiros, 56% o fazem motivados por oportunidades, enquanto o restante (44%) empreendem por necessidade. Esse quase empate técnico revela uma verdade incômoda: as dificuldades motivadas pela persistente crise estão levando os brasileiros a empreenderem mais. Isso, de certa forma, coincide com uma velha máxima chinesa, que afirma “os momentos de crise são momentos de oportunidades”. Por qualquer lado que se olhe, em ambas as direções, a máxima cabe, já que o ambiente econômico determina muitas das iniciativas daqueles que reagem à situação, não se acomodando facilmente.
Outros dados: 31,7% da população quer empreender; 19,6% dos brasileiros em idade de trabalho estão empreendendo, índice que mostra que, de cada cinco pessoas, uma está tentando iniciar um negócio: metade das pessoas que iniciaram um negócio tem entre 18 e 34 anos de idade. Esses são números da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), idealizada pela London Business School e o Babson College, que no Brasil foi apoiada pelo Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade. Roberta Cardoso, que escreveu a reportagem, afirma: “Reflexo da escassez de recursos e da desigualdade socioeconômica, a criatividade é a principal ferramenta nesses negócios”.
Profissionalização: para o professor Edgar Barki, coordenador do Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da Fundação Getúlio Vargas (FGVcenn), “estamos caminhando para a profissionalização do empreendedorismo. Ele próprio adverte sobre as futuras dificuldades: “A concorrência vai aumentar ainda mais porque terá mais gente capacitada disputando o mercado. O aumento da escolaridade e as mudanças socioeconômicas das últimas décadas impulsionam os debates em torno do tema”.
Crowdfunding: financiamento de multidão (literal), financiamento colaborativo, financiamento coletivo, são algumas das traduções. Mas, o que é? Veja algumas definições: “Crowdfunding segue a dinâmica da vaquinha, ao partir do princípio de que pessoas colaboram e, juntas, realizam o que antes não poderiam fazer sozinhas. A diferença é que, agora, essa modalidade é potencializada pela internet. Não existe nada de mágico nesse processo, é apenas uma forma poderosa de realização e de engajamento de pessoas” (Dorly Neto); “Começarei com uma definição mais ampla e abrangente: crowdfunding é o financiamento de uma iniciativa a partir da colaboração de um grupo (pode ser pequeno ou muito grande) de pessoas que investem recursos financeiros nela. Se você pegar essa definição, a vaquinha também se encaixa” (Diego Reeberg); “O crowdfunding (ou financiamento pela multidão, em tradução literal) é uma modalidade de investimento onde várias pessoas podem investir pequenas quantias de dinheiro no seu negócio, geralmente via internet, a fim de dar vida à sua ideia. É o chamado “financiamento colaborativo”, algo que está revolucionando o lançamento de Startups mundo afora” (Gustavo Perlard). Você encontra outras informações na página da FENAE BRASIL e também no Google.
Ainda segundo Roberta Cardoso: “uma nova geração de fundos de investimento pretende mudar não só a forma de conceder empréstimos com taxas e prazos mais baratos, mas também otimizar o jeito brasileiro de praticar filantropia. Eles funcionam como cooperativas de crédito, mas sua missão é mais ampla: auxiliar empreendedores com ideias de negócios que trazem algum tipo de solução para problemas de ordem social e que precisam de um empurrãozinho para começar”. Todas essas grandes e inovadores iniciativas teve início com o indiano Muhammad Yunus, fundador do Grameen Bank em Bangladesh, no início dos anos 1970. Essa sensacional iniciativa, que começou com empréstimos de pequenos valores para a população mais pobre, já tem hoje mais de 8,4 milhões de mutuários. Muhammad Yunus ganhou, por isso, o Prêmio Nobel da Paz.