Estudantes que tiraram nota máxima (mil) na redação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) contam que foi preciso apostar em leituras e treinos para conseguir escrever um texto sem defeitos.
Eles fizeram a redação sobre “Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil” durante o exame realizado em novembro do ano passado.
O resultado da prova foi divulgado nesta quinta-feira (9). Com as notas, os alunos podem se inscrever nos programas do governo federal para acesso ao ensino superior -como Fies, Prouni e Sisu.
‘CINCO REDAÇÕES POR SEMANA’
Ana Beatriz Machado, 20, tenta pela terceira vez uma vaga em um curso de medicina. Ela estudou enfermagem por dois anos em São Paulo, mas percebeu que não era a profissão que queria seguir e trancou o curso.
“Sempre tentei o vestibular estudando por conta própria, mas desde agosto do ano passado consegui uma bolsa em um cursinho pré-vestibular com aulas online. Tinha um cronograma para estudar durante a semana e, quando chegava sábado e domingo, era ainda mais puxado”, ela conta.
Ela fazia ao menos cinco redações por semana. Ana Beatriz conta que tinha bastante dificuldade para escrever o texto nos moldes do Enem -o exame cobra uma estrutura específica de dissertação- e que só conseguia pegar nos livros à noite.
“Trabalho como assistente administrativa em um hospital e moro longe de lá [do emprego]. Quando chegava em casa já era noite. O tempo de tomar banho e começar a estudar. Fazia cinco redações por semana, além dos simulados”, relata Ana.
A estudante conta que, além de estudar as provas anteriores, ler muito e pesquisar possíveis temas de redação, ter cuidado com a saúde mental foi importante.
“Me ajudou bastante descansar, ver onde é o limite. Se chegou nele, descansar. Não precisa se sobrecarregar muito.”
‘SEMPRE LI JORNAIS’
Luís Felipe Alves Paiva de Brito, 24, diz que estar ligado em temas atuais foi importante para conquistar a nota máxima. Natural de Pelotas (RS) e vivendo em Alagoas há 13 anos, o estudante também está pela terceira vez tentando uma vaga no curso de medicina.
“Conhecimento de mundo é muito importante pra escrever uma redação, principalmente porque os temas tratam de problemas sociais do Brasil. Então, sempre busquei ficar por dentro dos jornais do país, e isso me ajudou muito a escrever sobre os povos tradicionais. Busquei trazer exemplos, dos veículos de notícias, de empecilhos que esses povos sofrem, para construir minha argumentação”, contou Luís.
Ele quase conseguiu a nota máxima nos anos anteriores. Segundo Luis, a primeira vez que fez o Enem, em 2020, tirou 980 e, no ano seguinte, 960.
“Mas foi preciso muita dedicação para lapidar a minha forma de escrita e adequá-la ao que o Enem exige”, ele admite.
Reescrever textos corrigidos foi uma técnica para melhorar as redações. Além de cronometrar o tempo para o teste como um todo, Luís também lia textos nota mil de outras provas e acatava as sugestões de melhoria dos professores.
“A reescrita de textos corrigidos foi essencial para que eu parasse alguns vícios de escrita que eu tinha e que prejudicavam minha nota.”