Eles reivindicam o pagamento das bolsas moradia e permanência
O grupo de estudantes que invadiu, na noite dessa quinta-feira (3/12), o gabinete do reitor da Universidade de Brasília (UnB) continua acampado no local. Até por volta das 7h, nenhum conflito havia sido regitrado e o local é monitorado por policiais. O protesto dos 53 estudantes é contra o possível atraso no pagamento das bolsas moradia e permanência, fornecidas pela instituição aos alunos de baixa renda. O Decreto nº 8.580/2015 impede a UnB de realizar qualquer pagamento que não seja para os servidores públicos federais ativos e inativos, após 27 de novembro. Além dos universitários, a norma atinge o repasse a estagiários, pessoas jurídicas e empresas.
A ocupação teve início por volta das 17h30 de ontem, quando um grupo de estudantes quebrou a porta da Reitoria e se instalou no local — Ivan Camargo não estava na sala. Também fizeram uma barreira com móveis. Para evitar que mais alunos chegassem ao departamento, alguns seguranças da universidade bloquearam a rampa entre o terceiro e o quarto andares do prédio. Houve confronto e bate-boca, e os funcionários acabaram por ceder o acesso. Policiais militares tentaram negociar a retirada, mas não houve diálogo.
Os universitários alegam que o movimento não é uma invasão, mas uma ocupação, pois a Reitoria é deles. Taís Sany de Lima cursa turismo e depende dos benefícios. “Eu recebo a bolsa-moradia e o auxílio socioeconômico e estou assustada, porque dependo deles para pagar o meu aluguel”, afirmou. Airton Rener, de ciências ambientais, afirma que atrasos no repasse também são comuns. “No semestre passado, tive a minha bolsa cortada por problemas com a renovação. Toda vez que eu ia à Diretoria de Desenvolvimento Social (DDS), uma das atendentes dava uma informação diferente. Acabou que os servidores entraram em greve, e eu fiquei sem dinheiro. Tive até de faltar algumas saídas de campo para fazer bicos. Esse problema não existiria se eles nos dessem informações claras”, reclama.
Outra estudante envolvida na ocupação disse que a intenção da mobilização não é depredar o patrimônio, mas “lutar por direitos”. Até o fechamento desta edição, os manifestantes ainda ocupavam o gabinete. A ideia era passar a noite no local.
Meta fiscal
Para o decano de Planejamento e Orçamento, professor César Tibúrcio, a dificuldade é generalizada. “É um problema que não depende da universidade nem do Ministério da Educação (MEC), mas do cenário político. O governo conseguiu a aprovação da lei que altera a meta fiscal, mas o decreto ainda não foi revogado. Não é um problema só nosso, é de todo o serviço público”, explicou. O Correio não conseguiu contato com o reitor Ivan Camargo.