Série de imagens sobre os deslocamentos humanos no planeta vem pela primeira vez à capital
O olhar humanista de Sebastião Salgado é exposto mais uma vez em Brasília. A mostra Êxodos retrata a história de pessoas que, pressionadas por circunstâncias históricas, deixaram para trás a cidade natal. “Sebastião traz uma reflexão humanitária e desperta no público um olhar de identificação com todos. Ele é um dos maiores por retratar o sentimento humano de forma autêntica”, comenta a diretora responsável pela exposição Elaine Hazin.
À época que Sebastião Salgado estreou a exposição Êxodos, em 2000, o fotógrafo chegou a manifestar ao Correio o desejo em expor a obra em Brasília. Segundo ele, seria importante que os políticos da capital vissem tamanha realidade. Passados 17 anos, o sonho não vem completo — das 300 fotografias da série, apenas 60 farão parte da exposição.
A mostra apresenta a fuga de pessoas em diferentes partes do mundo. Em geral, são migrantes, refugiados ou exilados que tentam escapar da pobreza, da repressão ou da guerra. Premiado internacionalmente, Salgado é considerado um dos maiores fotógrafos em atividade pelo teor social que carrega nas imagens.
Para realização de Êxodos, o fotógrafo percorreu 40 países durante seis anos e registrou a parte da humanidade que fez do êxodo uma opção de vida. “Êxodos leva à compreensão da humanidade em trânsito, pessoas que abandonam a terra natal por necessidade política, social ou econômica”, explica Elaine.
Salgado assume que a raça humana é somente uma, independentemente da diferença de cores, línguas, culturas. Ainda defende que os sentimentos e as reações das pessoas são semelhantes. A mostra é dividida em cinco principais temas: África; Luta pela Terra; Refugiados e migrados; Megacidades e Retratos de crianças. Elaine ressalta: “As fotos mostram o nosso próprio movimento da vida. Aquilo que nos motiva e faz ir além”.
Em meio a tragédias no continente africano, êxodo rural, conflito de terras e urbanização caótica na América Latina, Salgado também se dedica às imagens daquelas que, mesmo envoltas no caos, não perdem a esperança: as crianças. A responsável pelo projeto expográfico, Rose Lima, não esconde: “Diante de tanta dor, caos e sofrimento, Salgado mostra as crianças como forma de representar a esperança de que dias melhores virão”.
Rose Lima acrescenta à exposição um grande quadro negro com o mapa múndi desenhado. A proposta é fazer com que o público interaja com a obra. “As pessoas escrevem aquilo que as fizeram refletir e pensar”, explica. O impacto frente às obras carrega um olhar de questionamento, como opina Elaine: “Existe uma beleza agridoce nas fotos de Sebastião Salgado que nos leva à reflexão”.
A coleção com 60 pôsteres que compõem essa exposição foi doada por Lélia Wanick e Sebastião Salgado ao Instituto Terra, ONG ambiental que o casal fundou em 1998, em Aimorés (MG). A entidade atua na recuperação da Mata Atlântica, na proteção de nascentes, na educação ambiental e na pesquisa científica aplicada, bem como na promoção do desenvolvimento sustentável do Vale do Rio Doce.
Fonte: Correio Braziliense
Êxodos
Caixa Cultural Brasília (SBS Q. 4); 30 de agosto a 29 de outubro. Entrada franca. Classificação indicativa livre.