A ideia de garimpar as obras que integram os acervos das embaixadas da América Latina e Caribe sediadas em Brasília surgiu com a intenção de focar na temática da justiça. Depois de começar a mapear as obras, os organizadores chegaram à conclusão de que era preciso ampliar a temática: as coleções diziam muito sobre seus países de origem e também sobre como eles são vistos no resto do mundo. Em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), Horizontes da arte na América Latina e Caribe reúne 60 obras de artistas de 19 países em um panorama das coleções guardadas nas embaixadas em Brasília.
A ideia surgiu durante uma reunião do Grupo de Embaixadores dos Países da América Latina e Caribe (Grulac) — formado por 32 embaixadores e coordenado, hoje, pelo embaixador do Chile, Jaime Gazmuri —, e praticamente todas as obras já se encontravam na cidade. Apenas Peru e México decidiram complementar a exposição com obras trazidas de fora. O acervo foi dividido em três núcleos para facilitar a compreensão do público. Em Paisagens se descobre como, ao longo dos séculos 20 e 21, os artistas latino-americanos olharam para seu próprio ambiente. Retratos, como era de se esperar em acervos oficiais, propõe um olhar sobre a gente dos países; a Inventários do mundo trabalha o imaginário e o cotidiano dos artistas.
Cada país sugeriu entre três e quatro obras. “A ideia era criar um panorama, mostrar como os países são representados e quebrar o desconhecimento mútuo”, explica a produtora Daiana Dias, responsável por executar a ideia dos embaixadores. “Somos vizinhos e não conhecemos a produção de arte um do outro. Queríamos criar uma aproximação.” Para a embaixadora do México, Beatriz Paredes, a exposição indica quão viva é a arte latino-americana. “Ela é muito forte e muito colorida”, avisa Beatriz. “Quem visitar a exposição terá consciência de que a América Latina é heterogênea, diversa e uma parte interessante da exposição é mostrar essa diversidade.”
O México participou com obras de cavalete dos muralistas José Clemente Orozco e Diego Rivera e do modernista Gerardo Murillo, conhecido como Dr. Ati. “Ati é pouco conhecido, mas é muito importante, é um representante da transição do realismo para o modernismo”, explica Beatriz Paredes. Frida Kahlo não está entre os representantes do México porque foi tema de exposição que circulou por três cidades brasileiras recentemente.
Horizontes da arte na América Latina e Caribe
Coletiva com 60 obras de artistas de 19 países. Visitação até 24 de outubro, de quarta a segunda, das 9h às 21h, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB – SCES, Trecho 2, Lote 22)