Ela foi solta das últimas vezes porque crime era considerado de menor potencial ofensivo. Nova prisão é preventiva, ou seja, por tempo indeterminado.
A Polícia Civil do Distrito Federal prendeu na noite de quarta-feira (20) por tempo indeterminado uma falsa médica suspeita de enganar pacientes e usar documentos falsos para retirar remédios tarja preta do Hospital de Base. Ela já tinha sido presa – e solta – outras nove vezes. A última foi em agosto.
Renatha Thereza Campos dos Santos foi detida chegando em casa, em Taguatinga. A mulher de 36 anos tinha acabado de chegar de uma viagem a São Paulo, quando foi surpreendida pelos policiais.
Ela é investigada desde 2011 pela polícia, apontada como falsa médica porque nunca passou por nenhuma faculdade do tipo.
A suspeita atendia na casa dela e na de pacientes. A polícia diz que ela chegou a prometer a cura do câncer em um dos casos e justificou o fato de ela sempre acabar solta porque a pena prevista para o crime não passa de dois anos.
“Nesses casos, a própria lei prevê que o autuado, assinando um termo de compromisso, de comparecimento ao Poder Judiciário, deve ser solto. O famoso termo circunstanciado”, declarou o delegado Fernando Fernandes.
Mesmo sendo pega diversas vezes, Renatha persistiu no crime. O novo caso ocorreu em outubro. Ela apresentou registro do Conselho Regional de Medicina (CRM) falso e receita forjada no Hospital de Base, onde conseguiu retirar 15 ampolas de morfina e 10 de um calmante tarja preta.
Uma servidora da Secretaria de Saúde só percebeu que ela não era médica mais tarde. Foi aí que foi à delegacia e denunciou. Só então, a polícia conseguiu na Justiça o mandado de prisão preventiva contra ela: o crime de venda ou administração de medicamentos de uso restrito é considerado mais sério. Prevê de 10 a 15 anos de prisão.
“Esses medicamentos oferecem grande risco à saúde e à vida das pessoas, se usados de forma errada, principalmente em sua dosagem. Entre eles, nós tínhamos várias ampolas de morfina”, continuou o delegado.
Para entrar no Base, ela ainda usou o nome de uma médica do hospital, que negou conhecer Renatha. Por isso, também foi presa por estelionato. Agora a polícia apura se outro funcionário ajudou a falsa médica e se ela fez isso mais de uma vez.
“Os nossos policiais tomaram conhecimento que ela estaria diversificando os negócios, os golpes. Estaria vendendo cotas fantasmas em cooperativas habitacionais. Fantasmas porque esses prédios, apartamentos, não existiam. Foram identificadas mais de 20 vítimas que teriam entregue à Renatha valores que variam de R$ 1 mil a R$ 5 mil a título de taxas de cooperativa e de documentos diversos.
Uma vítima que não quis ser identificada comenta. “Envolvia de uma forma que a gente acreditava que a Codhab, o Programa Morar Bem ia dar o apartamento. Dentro do programa com pontuação, até inscrição da minha pontuação ela levou.” A vítima diz ter pagado R$ 1.310 em parcelas. Primeiro foram R$ 400 e o restante em outro dia.