O evento também oferece cursos voltados para o mundo da ilustração
Os produtos são vários, de quadrinhos, pôsteres e revistas a camisetas, e o que os une é terem sido criados por artistas independentes de Brasília e de todo o país. Com 40 expositores, a terceira mostra Motim começa amanhã com o objetivo de tornar ainda mais forte o mercado independente na capital e no Brasil.
Um dos organizadores e idealizadores do evento, Felipe Honda conta que a ideia do projeto é ir além de ser apenas uma feira ou mostra, mas incentivar também a própria produção durante a Motim. “É um evento que gera, ele mesmo, novas produções, novas publicações”, comenta.
A intenção é que, além de expor os trabalhos, os artistas também produzam lá. “A ideia não é ser só uma feira, mas também fomentar a produção, gerar novos produtores independentes”, explica. “A gente vai ter uma exposição com artistas que fizeram as ilustrações especificamente para a Motim. Quando o pessoal vai, novos trabalham surgem durante o evento”, exemplifica.
A própria exposição, Desobediência civil, dará início à feira na sexta-feira às 19h. No sábado, além das bancas dos expositores, serão lançados os fanzines Tudo começa no mesmo lugar, O mundo não é matemático e Geometria do espaço vazio, feitos pelas artistas Luda e Mariana Carpanezzi; e a terceira edição do Jornal Pimba.Justamente para incentivar a produção na cidade e revelar novos artistas,
oficinas voltadas à área foram acrescentados a esta edição. “A intenção é que o pessoal faça um curso, por exemplo, de ilustração, depois um de serigrafia e um de encadernação. No fim do curso, a pessoa tem um material que ela pode até vender na feira.”
Para Felipe Honda, Brasília e a Motim têm um diferencial muito forte em relação às grandes feiras independentes realizadas principalmente no Sudeste. Segundo o organizador, a localização e as características da cidade permitem uma representação mais ampla e diversificada. “Essas feiras ficam muito restritas ao eixo Rio-São Paulo. Como o Centro-Oeste está no meio, você consegue pessoas do Nordeste, Norte, e também do Sudeste e do Sul. Muitos publicadores de fora também visitam e participam”, argumenta.
O organizador vê com otimismo o movimento independente na capital, com muitos publicadores e coletivos que mantém firme a criação local. “Temos muitos produtores, é um cenário novo e que tem muita coisa para ser explorada. Toda vez que a gente faz a feira sempre descobre um novo publicador, um novo artista. Tem muita coisa bacana na publicação independente daqui”, comenta.
Uma das expositoras da mostra, a artista de rua e designer Camila Siren concorda que o cenário independente da capital está em ascensão, apesar de a cidade ainda ser jovem. “O cenário independente de Brasília é forte da sua maneira. É uma cidade muito nova, mas há uma grande movimentação e ascensão cultural”, aponta. “Com a ajuda da internet, o movimento independente local está tendo uma proporção e velocidade de reconhecimento bastante amplo e rápido”, acredita.
Os artistas
Entre os expositores, estão os artistas brasilienses Caio Gomez, Felipe Sobreiro, Camila Siren e os projetos Gurulino, Coletivo Transverso, Vulva Revolução e Dente Selo. Além deles há atrações musicais, como Confronto Sound System, Nice & Deadly e Megaton Dub.
A expositora Camila Siren acredita que eventos como o Motim têm o poder de fortalecer o trabalho dos artistas locais independentes. “Neles há oportunidade para mostrar seus trabalhos e ver de outros, conversar com seus artistas favoritos, adquirir obras, aprender algo nos workshops, estampar uma camisa na hora, ouvir um som maneiro”, aponta.
Ela conta também que o convite para a mostra é também uma forma de ter o trabalho reconhecido. “É um movimento cultural absurdo de necessário e importante. Não apenas para a cidade, mas para a cena independente. Ser convidada no Motim para expor é, para mim, de fato um reconhecimento.”
Crescimento
A Motim surgiu em 2014. A ideia inicialmente era comemorar o aniversário do Sindicato, espaço que reúne diversos artistas da cidade. “O Sindicato faria um ano e a gente decidiu criar uma feira de publicações independentes em comemoração. Na época, ela teve 28 publicadores independentes”, conta Felipe.
Desde a primeira edição, o número de expositores só cresceu. A segunda, que ocorreu no ano passado, levou 32. Nesta, são 40 artistas, projetos e coletivos expondo na feira. “Isso é o máximo que conseguimos colocar no espaço atual, já teremos que pensar em mais espaço para as próximas edições”, reconhece.
Todo o crescimento é sinal de que o mercado independente no país é cada vez mais forte, acredita. “O mercado independente já tem um público grande, há muita produção bacana. Isso é um reflexo do acesso maior das pessoas na hora da produção e de elas poderem fazer seu trabalho de forma independente, sem depender de uma estrutura maior.”