Espetáculos expandem as fronteiras entre teatro, artes visuais e cinema, um terreno fértil de possibilidades
Expandir as possibilidades de criação e acrescentar novas conexões ao fazer teatral. Esse é um dos objetivos de grande parte das companhias que, este ano, compõem a programação do Cena Contemporânea, maior festival de teatro brasiliense e um dos principais do país, que teve início ontem e ocupa salas e espaços de todo o Distrito Federal até 4 de setembro. Como elo, cada vez mais peças chegam ao público como diversificados espetáculos multimídia nos palcos.
É o caso de A floresta que anda, parte da trilogia produzida pela criativa diretora Christiane Jatahy, responsável pelo aclamado E se elas fossem para Moscou? e Julia. O espetáculo, com apresentação hoje no Museu Nacional da República, inspira-se no clássico Macbeth, de William Shakespeare, mostrando o quanto podem ser produtivos os encontros entre antigas dramaturgias e novos recursos tecnológicos. Jatahy leva ao palco uma junção de elementos das artes cênicas, performance e cinema, com temas de importante reflexão e debate, colocando em pauta o sistema político, econômico e social que permeia atualmente o Brasil e o mundo como um todo. A diretora acredita que trabalhos que aumentem as relações entre público e cena elevam as possibilidades de um público interessado, que não esteja passivo.
A principal finalidade é pensar a atualidade e levantar as questões que rodeiam e sustentam os sistemas de poder e de que maneira elas afetam o cotidiano de cada um. A mistura de realidade e ficção é contada aos espectadores entre o trabalho dos atores no palco, vídeo-instalação e cinema ao vivo. O espetáculo reforça a tendência do festival em mostrar trabalhos que instiguem o pensamento reflexivo e trabalhem a linguagem contemporânea do teatro por meio de linguagens diversificadas. Na obra atual, a diretora aprofunda suas investigações entre os limites que permeiam o teatro e o cinema. As histórias contadas e exibidas por meio dos vídeos são todas verdadeiras, com entrevistados reais e Jatahy conta que o trabalho fala também do atual momento político do país.
Às 16h, no Teatro Sesc Paulo Autran (CNB 12, AE 2/3, Taguatinga Norte; 3451-9103). Sinopse: Explora as possibilidades de ser e de mover um “corpo-matéria” em contato/colisão com outras matérias. Buraco é entendido como relação entre dentro e fora do corpo, entre diferentes partes do corpo, diferentes materiais. Buracos como frestas, vazamento, passagens para outros lugares, portais para outros mundos. Ingressos a R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). Classificação indicativa livre.
A floresta que anda (RJ)
Às 18h30, às 20h e às 21h30, no mezanino do Museu Nacional da República (Esplanada dos Ministérios). Sinopse: O público é recebido para um vernissage numa galeria de arte e envolvido por testemunhos reais filmados de pessoas comuns comentando como suas vidas foram afetadas pelo sistema político e econômico atual do Brasil. Ao mesmo tempo, os espectadores são envolvidos por situações criadas por atores ao vivo. Ingressos a R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). Não recomendado para menores de 18 anos.
Hysterica Passio (SP)
Às 19h, no Teatro Funarte Plínio Marcos (Eixo Monumental; 3322-2076). Sinopse: Hipólito, filho da esquálida enfermeira Thora e do pálido dentista Senderovich assume diversas figuras alegóricas em cena: a de um mestre de cerimônias, a de seu pai já morto e a dele mesmo na infância. Apresenta sua vida e a de seus pais, retomando ao passado para questionar, julgar e condenar a dor que sente, as feridas ainda não cicatrizadas. Ingressos a R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). Não recomendado para menores de 14 anos.
Deitar o sal (GO)
Às 20h, no Teatro Sesc Newton Rocha (QNN 27, Área Especial Lote B, Ceilandia Norte; 3379-9586). Sinopse: O sal é um elemento transformador da matéria. Questionando essa premissa, criadores de dança contemporânea do Brasil, Alemanha e Uruguai se reuniram em residência promovida pelo coletivo Conexão Samambaia em performance multimídia. Ingressos a R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). Classificação indicativa livre.
La Wagner (AR)
Às 21h, no Teatro da Caixa Cultural (SBS, Qd. 4, Lt. 3/4; 3206-9448). Sinopse: Quatro mulheres, como quatro valquírias, se apropriam da música de Richard Wagner e assumem a árdua tarefa de desfazer estereótipos e revelar preconceitos relacionados à feminilidade, à violência, à sexualidade, ao erotismo e à pornografia. O resultado fascina por colocar em contato o sublime e a banalidade, o irreverente e o sagrado. Ingressos a R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). Não recomendado para menores de 16 anos.