Aeroporto diz que lacre usado para segurar porta é fácil de ser rompido e semelhante a material usado em extintores. Especialistas em segurança falam em dificuldade de acesso durante emergência.
Uma foto mostra uma das saídas de emergência do Aeroporto de Brasília fechada por lacres. Ela fica entre os portões 14 e 15, na área de embarque.
“Fiquei impressionado com o amadorismo do material utilizado. Fora que, em uma situação de emergência, isso pode colocar passageiros em risco”, declarou o internauta, que embarcou naquele dia em direção ao Rio de Janeiro.
Em nota, a Inframerica – consórcio que administra o terminal – informou que a porta de emergência foi instalada para auxílio em casos de atendimento emergencial, como retirada de passageiro que precisa de atendimento médico, mas sempre acompanhado de um funcionário.
“Ressalta-se que a porta não encontra-se obstruída, fechada com cadeado ou com qualquer outra forma de impedimento de abertura.”
A Inframerica afirmou ainda que o lacre pode ser rompido com facilidade em caso de emergência, sendo semelhante ao material usado em extintores de incêndio. Também declarou que ela passa por inspeção dos bombeiros do aeroporto todos os dias.
“Reiteramos que a abraçadeira plástica foi escolhida por ser um dispositivo frágil, mas que garante a não vulnerabilidade da segurança da aviação civil e o atendimento emergencial extraordinário.” Leia o restante da versão da Inframerica ao fim deste texto (confira ao final).
Análise
De acordo com o porta-voz do Corpo de Bombeiros do DF, major Lourival Correia, a porta não deveria ser fechada assim.
“Embora os lacres sejam frágeis, haverá uma resistência para rompê-los. Temos que levar em consideração que as pessoas podem ter limitações que impossibilite de abrir as portas que estejam lacradas por quaisquer que sejam os objetos. A exemplo, podemos ter crianças, idosos ou pessoas com necessidades especiais que talvez precisem acessar essas saídas.”
Correia também atentou para a necessidade de sinalização. “[As portas de emergência] Têm que estar bem sinalizadas, desobstruídas e com luzes de emergência indicando-as, pois mesmo havendo falta de energia, as saídas precisam ser vistas internamente de qualquer ângulo.”
O especialista em gestão de riscos, Moacyr Duarte, também criticou a forma com que a porta é mantida fechada. “Contei pelo menos três lacres sobrepostos. Não será tão fácil romper. Também é necessário saber qual o fluxo máximo projetado para essa saída.” Segundo o aeroporto, são apenas dois lacres no local.
O que diz a lei
Uma portaria de 14 de janeiro de 2015 do Corpo de Bombeiros estabelece que portas corta-fogo e portas de emergência devem estar na cor vermelha e serem devidamente sinalizadas.
O texto estipula ainda que as portas “devem ser providas de dispositivos mecânicos e automáticos, de modo a permanecerem fechadas, mas destrancadas, no sentido do fluxo de saída, sendo admissível que se mantenham abertas, desde que disponham de dispositivo de fechamento, quando necessário”.
Íntegra da nota da Inframerica
“A porta em questão foi instalada no local em razão da Segurança da Aviação Civil para auxílio em casos de atendimento emergencial, tal qual retirada de passageiro com necessidade de atendimento médico, sempre acompanhados de um funcionário do aeroporto.
- Ressalta-se que a porta não encontra-se obstruída, fechada com cadeado ou com qualquer outra forma de impedimento de abertura.
- De acordo com as normas de segurança da aviação civil contra Atos Ilícitos, as portas que dão acesso às áreas restritas dos aeroportos devem manter-se fechadas de forma a impedir o acesso indevido de pessoas, razão pela qual optou-se pela utilização de abraçadeira plástica.
- A abraçadeira plástica é semelhante às braçadeiras utilizadas em extintores de incêndio. Foram realizados inúmeros testes com as mesmas e verificou-se que elas se rompem com facilidade.
- Ainda, as portas contra-incêndio do Aeroporto de Brasília são identificadas com pintura vermelha, iluminação automática e indicação de “saída de emergência”.
Desta forma, reiteramos que a abraçadeira plástica foi escolhida por ser um dispositivo frágil, mas que garante a não vulnerabilidade da segurança da aviação civil e o atendimento emergencial extraordinário.
Todos os dias a porta passa por inspeção dos bombeiros da Inframerica. Lembrando que toda a área é vigiada por câmeras de segurança.”