O secretário adjunto de Gestão em Saúde acumula funções e assume a direção-geral da maior unidade de saúde do Distrito Federal. Medida serve para facilitar o trabalho da equipe de transição que assumirá o Instituto Hospital de Base
A equipe de transição do Instituto Hospital de Base começará a trabalhar em alguns dias. Até o fim do mês, o Executivo local deve criar o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) para a implementação do conselho de 11 pessoas que vai gerir a unidade médica, de forma indireta, a partir do próximo ano. Ontem, o grupo que fará a mudança ganhou um reforço substancial. Agora, o secretário adjunto de Gestão em Saúde, Ismael Alexandrino Júnior, assume o cargo de diretor-geral do hospital. A troca, segundo o governo, é para facilitar processos burocráticos, o que gerou críticas de sindicatos.
Logo nas primeiras horas do dia, Ismael se reuniu com gestores do Hospital de Base. Ele coordenou o processo de elaboração e implantação do Instituto, uma aposta do secretário de Saúde, Humberto Fonseca, para melhorar os serviços da unidade. Além disso, a pasta quitou, na noite anterior, dois meses de horas extras atrasadas. Ismael também visitou alguns setores e conversou com servidores. “A ideia não é ser um diretor-tampão. Vamos trabalhar para a transição ocorrer sem choques. Cobrei dos gestores as principais demandas para termos prioridades”, destaca Ismael.
O cargo é estratégico, uma vez que ele é chefe de todos os subsecretários na função de secretário adjunto de Gestão em Saúde. “Reuni-me com a antiga gestão para trabalharmos nesse processo”, explica. O endocrinologista Júlio César completaria um ano como diretor do Hospital de Base do DF amanhã. Agora, assume a gerência de Medicina Interna da unidade.
Apesar das críticas ao modelo de gestão, Ismael garante que a população perceberá, em um curto espaço de tempo, melhorias em filas de espera e em marcação de consultas, por exemplo. Atualmente, as principais queixas são por falta de leitos e de insumos. “Acreditamos, piamente, que haverá melhorias. Mas é preciso entender que elas acontecerão incrementalmente, ou seja, não é trocar o modelo de gestão que as coisas estarão prontas”, completa.
Críticas
Entidades que representam os servidores receberam com “preocupação” a troca na direção do Hospital de Base do DF. O presidente do Sindicato dos Médicos (SindMédico), Gutemberg Fialho, avalia que as mudanças são para “atropelar” a implementação do Instituto. “Estão colocando gestores alinhados para acelerarem o processo. A comissão eleitoral para eleição do representante ocorre antes mesmo de o estatuto do Instituto existir. O apressamento do processo deixa todo mundo inseguro”, reclama.
Para a presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde (SindSaúde), Marli Rodrigues, a nomeação dos gestores deixa clara a intenção do governo em usar o Hospital de Base como moeda de troca. “A criação desse instituto não visa a nenhuma melhoria no atendimento”, queixa-se.
Ismael minimiza as críticas e aposta no diálogo para atenuar o embate. “A minha posição em relação aos sindicatos sempre foi de respeito e conversa. Isso será importante no processo de transição. O hospital não pode parar. Esse é um carro que estamos trocando o pneu com ele andando”, compara. Até o momento, 480 servidores pediram remanejamento do Base. Eles atuarão em outros setores da rede pública. Os funcionários têm até setembro para escolher se ficam ou não na unidade médica.
No detalhe
Veja como fica o funcionamento do Hospital de Base:
» Os servidores concursados poderão escolher se permanecem na unidade ou se preferem ser transferidos para outro local da rede pública
» Os novos profissionais serão contratados com base na CLT. Terão de bater metas e poderão ser demitidos
» Os servidores que se aposentaram no Hospital de Base poderão ser recontratados como celetistas sem precisar passar por processo seletivo
» O governo terá de divulgar balanço de atendimentos e prestar contas anualmente até março. Haverá auditorias externas para analisar os dados
» O Hospital de Base terá um sistema que divulgará filas de espera, demanda reprimida e capacidade de atendimento. Isso hoje não acontece.
» O conselho administrativo será formado por 11 integrantes, sendo o secretário de Saúde o presidente. Cinco postos serão indicados pelo governador. A Câmara Legislativa, o Conselho de Saúde, a Associação de Pacientes, a sociedade civil e os sindicatos da saúde indicam um nome cada um.