Associação de PMs e bombeiros quer saber por que o governo local gasta mais do que a população. Hoje, é possível encontrar o litro a R$ 3,25 no DF
Uma entidade que representa policiais militares e bombeiros pediu que a Câmara Legislativa investigue os gastos do GDF com combustíveis. Na avaliação da Associação Família Policial e Bombeiro do DF (Asfam), o Executivo local paga até R$ 0,40 a mais por litro sem justificativa, um gasto excessivo que não condiz com a situação atual que coloca em risco até mesmo a última parcela do reajuste dos servidores. “Enquanto a população corre em busca de postos que ofereçam descontos, os estabelecimentos conveniados com o Estado praticam o preço cheio”, diz trecho do documento entregue à CLDF.
Segundo o GDF, em agosto, o gasto com combustível para carros oficiais foi de R$ 917.115,43. “O valor médio pago por litro de gasolina, na primeira quinzena de setembro, foi de R$ 3,53”, informou a Secretaria de Planejamento, por meio de nota. O montante desembolsado no litro do combustível, segundo o órgão, é baseado no preço da tabela da Agência Nacional do Petróleo (ANP) ou no preço atual da bomba.
Mas não é esse preço que se vê nos postos. Nos últimos dias, o litro da gasolina podia ser encontrado a R$ 3,19. Para a Asfam, o Buriti poderia pagar bem menos uma vez que, devido ao consumo expressivo, conseguiria negociar com os fornecedores. Especialmente porque os preços nas bombas caíram desde a investida da Polícia Civil e do Ministério Público contra o cartel que tabelava os valores nos postos. Hoje, por exemplo, é possível abastecer pagando até R$ 3,25 por litro de gasolina comum — uma diferença de R$ 0,28 em relação ao que o Buriti gasta.
Por que, com tanta promoção, o preço praticado ainda continua elevado para o GDF? Hoje, só as forças de segurança, como PM, Corpo de Bombeiros e Polícia Civil, colocam na rua 300 viaturas por dia, que gastam um tanque de 50 litros cada uma, mais os carros dos outros órgãos“
No documento entregue à Câmara, a entidade ressalta que “o Distrito Federal encontra-se num difícil momento financeiro”. Por isso, qualquer medida que vise a economia de dinheiro público seria útil e poderia ser revertida em benefício das forças de segurança, que encontram-se sucateadas.
“Os policiais militares têm sido prejudicados com a falta de viaturas, de equipamentos de segurança e com um débito milionário de nosso Fundo de Saúde, deixando militares e seus familiares desamparados e sem assistência médica adequada”, diz o ofício.
Emendas parlamentares
O pedido de investigação foi protocolado no gabinete da deputada Telma Rufino (sem partido). À entidade, a deputada prometeu analisar a questão. “Vou pedir que minhas assessorias jurídica e legislativa façam uma análise do documento e vou mandar a demanda para o GDF. Nosso trabalho, como parlamentar, é de fiscalização”, disse.
Nota da PMDF
Em nota, a PMDF informou que o valor pago pelo litro de combustível segue o preço cobrado na bomba, ou seja, o valor em vigência nos postos da rede credenciada. “Esse valor é reajustado para mais ou para menos, conforme a lei de mercado. Ressaltamos ainda que tivemos aumento no preço do combustível assim como a diminuição desse valor pelo menos três vezes este ano.”
Ainda na nota, a corporação ressaltou que diminuiu os gastos com combustíveis, de aproximadamente R$ 1,6 milhão/mês em outubro de 2015 para R$ 1,2 milhão este ano.