Apesar de pouco difundidos, os artistas disseminam a cultura jamaicana na cidade
O conceito de sound system surgiu nos anos 1950 na Jamaica, quando a população começou a criar grupos de rua para disseminar a música em alto-falantes. Cerca de 10 anos depois, o movimento acabou se envolvendo em questões políticas do país. No Brasil, a cultura do sound system teve seu surgimento nos anos 2000 com a chegada de grupos no Rio de Janeiro e em São Paulo. Na capital federal, o movimento ainda é tímido, com dois grupos tradicionais e alguns novatos tentando se firmar.
O mais tradicional coletivo brasiliense é o Confronto Sound System, que existe há 12 anos, formado por Rei Zula, Ogro, El Roquer, Jetson, Don Pablo e Luna. O grupo surgiu de uma iniciativa de Afonso Serpa, mais conhecido como El Roquer, enquanto morava no Rio de Janeiro acompanhando o aparecimento de coletivos como o Digital Dubs, que completou 15 anos: “Quando me mudei para Brasília eu já gostava dessa linguagem e estranhei o fato de você não ter um encontro casual, ter coisas na rua. O sound system foi a ferramenta que encontrei para isso. Começamos então a fazer som nas ruas com as caixas de som, trazendo essa cultura da Jamaica”.
Atualmente, o Confronto, que também é um bloco carnavalesco, costuma organizar apenas duas festas na rua ao longo do ano, e participar de eventos de outros produtores como atrações. De acordo com Afonso Serpa, o motivo é que já existem muitos eventos sendo organizados na rua. “A história do Confronto tem muito a ver com isso (com a criação de eventos nas ruas em Brasília e a resistência). A gente faz festa, mas tem toda uma questão política. Temos uma preocupação com o que a cidade está se transformando”, diz. O próximo evento do Confronto Sound System está previsto para setembro.
Com dois anos a menos, outro grupo tradicional em Brasília é o Megaton Dub. Composto por João “Megaton”, Felipe “Rub-a-Dub” e Edgar “DB”, o coletivo teve início oficialmente em 2006, quando os amigos que já colecionavam discos e tinham equipamentos de som decidiram se unir. “Surgiu a partir dessa longa e duradoura amizade, aliada ao gosto pela música jamaicana e os momentos de pura diversão que isso nos proporciona”, explica Edgar Machado.