Servidores do Ministério da Saúde denunciam problema em edifício. Preocupados, eles enumeram incidentes
Uma infestação de escorpiões no Ministério da Saúde está provocando pânico entre os servidores da pasta. Segundo relatos de funcionários, pelo menos três pessoas foram picadas no Anexo B. O animal, da espécie escorpião amarelo, começou a aparecer há cerca de dois meses. Entretanto, a presença se tornou ainda mais frequente nos últimos dias, afirmam os trabalhadores.
O incidente mais recente ocorreu na segunda-feira passada, quando uma servidora foi ferroada na perna. Apesar do susto, a mulher não sofreu grandes complicações de saúde. Ela recebeu atendimento preliminar de brigadistas, mas se recusou a ir ao hospital. “Ela dizia que a sensação era parecida com a de uma picada de abelha”, contou uma testemunha.
No mesmo dia, um servidor encontrou o aracnídeo, de aproximadamente 8 cm, dentro de um copo sobre sua mesa. “Peguei o copo e saí para pegar água. Só percebi a presença do animal quando ele caiu enquanto eu inclinava o recipiente”, contou o homem, que não quis se identificar. Segundo ele, o inseto fugiu por meio de uma fresta na parede.
Dentro de chapéu
Dias atrás, um segurança da pasta foi picado na altura da boca ao colocar o chapéu, de onde o escorpião surgiu. Testemunhas contaram à reportagem do Jornal de Brasília que a vítima perdeu a visão durante um certo tempo, foi conduzida ao Hospital Regional da Asa Norte e passa bem.
“Nós trabalhamos tensos aqui. Todos os dias ouvimos alguém comentando pelos corredores que viu um escorpião”, relata uma servidora, que diz ter ficado ainda mais preocupada depois que encontrou um filhote em sua sala.
“O medo aumenta mais quando a gente flagra no próprio local de trabalho, né?”, conta. Há relatos ainda de uma copeira que foi surpreendida pela presença do animal em meio aos materiais de trabalho. Apesar do susto, por sorte, não ficou ferida.
Os servidores dizem também que já alertaram o ministério sobre a situação no prédio, mas nenhuma medida teria sido tomada. “Alegam que fizeram licitação em setembro do ano passado para a compra do veneno, mas até o momento não houve ação para conter a infestação. Isso é um descaso”, reclamou um deles.
O incidente seria mais frequente no quarto andar do Anexo B. O principal temor dos trabalhadores é de que o bicho chegue até a Creche Narizinho, que fica no térreo do prédio. As crianças são cuidadas no local enquanto os pais exercem suas atividades.
Medidas de prevenção
Para se proteger, os servidores estão tapando, com fita crepe, as frestas das luminárias. Também estão mais atentos ao abrir as gavetas e há aqueles que preferem manter as lixeiras fechadas para não correr riscos. Frestas de aparelhos de ar-condicionado também foram lacradas.
De acordo com a professora do Departamento de Ciências Fisiológicas da Universidade de Brasília Elisabeth Ferroni Schwartz, é necessário evitar o acúmulo de lixo e de material de construção e a presença de baratas – um dos alimentos do animal.
Mas, atenção. Segundo a docente, “os inseticidas de uso doméstico têm pouco efeito sobre os escorpiões. O veneno acaba desalojando as baratas do local de aplicação, o que também leva os escorpiões a saírem dos esconderijos. É nessa hora que o contato entre os humanos e o animal normalmente acontece”, afirma.
Ela explica que a picada do escorpião amarelo provoca uma série de reações locais, que incluem dor e vermelhidão. “É comum observar o adormecimento da região da picada”, conta.
Os sinais sistêmicos, por sua vez, envolvem distúrbios neurológicos, como taquicardia ou bradicardia, sudorese, salivação e vômito, entre outros, que podem evoluir para edema pulmonar e convulsões e levar ao óbito.
A assessoria de imprensa do Ministério da Saúde foi procurada, mas não deu retorno até o fechamento desta edição.
Baratas no itamaraty
Em 19 de abril deste ano, o JBr. mostrou outra infestação na área da Esplanada: de baratas no anexo do Itamaraty. Dedetizações não conseguiram conter o problema.
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília