Empresa segue estagnada no processo de fabricação de 14 nanômetros e vê rivais ganharem cada mais força no mercado
São Paulo — A Intel aproveitou a semana da CES, em Las Vegas, para apresentar mais alguns modelos de sua nona geração de processadores. Chamada de Coffee Lake Refresh, a nova série — que teve os primeiros chips anunciados ainda em outubro — promete desempenho melhor do que a anterior, mas mantém o processo de fabricação de 14 nanômetros. Nada, portanto, de uma grande evolução, algo que a empresa está devendo desde 2016.
Na lista de novos processadores, estão um modelo Core i3, três i5, um i7 e um i9, todos voltados para desktops. Quatro deles (as peças com um K no nome) são desbloqueados para overclocking, de forma que podem operar em uma frequência mais alta do que a de fábrica com alguns ajustes. Os seis novos chips anunciados são:
Core i3-9350KF — Quatro núcleos, quatro threads, frequência base de 4 GHz, TDP de 91W
Core i5-9400 — Seis núcleos, seis threads, frequência base de 2,9 GHz, TDP de 65W e placa gráfica integrada (Intel UHD Graphics 630)
Core i5-9400F — Seis núcleos, seis threads, frequência base de 2,9 GHz, TDP de 65W
Core i5-9600KF — Seis núcleos, seis threads, frequência base de 3,7 GHz, TDP de 95W
Core i7-9700KF — Oito núcleos, oito threads, frequência base de 3,6 GHz, TDP de 95W
Core i9-9900KF — Oito núcleos, 16 threads, frequência base de 3,6 GHz, TDP de 95W
Com exceção de um chip (o i5-9400), os outros cinco não vêm com placa gráfica integrada. Ou seja, são quase todos voltados para edição de vídeos ou outras atividades que exigem placas de vídeo dedicadas. Os seis farão companhia ao trio de processadores revelado em outubro de 2018 pela Intel. E a nona geração da Intel ainda deve ter novidades: rumores apontam para pelo menos mais três modelos para desktops — e ainda faltam anúncios para notebooks.
Andando para os lados
O problema é que, apesar de serem lançamentos, os chips são basicamente uma atualização da arquitetura que a Intel lançou em 2017, a Coffee Lake. Todos também usam o mesmo processo de fabricação, de 14 nanômetros (a distância entre transistores), que a empresa adota desde 2014. Ou seja, mesmo que garanta um ganho na performance em relação aos chips anteriores, a companhia parece estar andando para os lados nesse setor.
Resumidamente, essa medida em nanômetros é importante porque, quanto menor ela for, mais transistores caberão na superfície da peça. Isso costuma sinalizar um ganho na performance. A Intel está ensaiando entrar de vez nos 10nm e até tem um processador já lançado seguindo esse processo de fabricação, o i3-8121U, da série Cannon Lake. Essa microarquitetura, no entanto, deve ser deixada de lado e preterida pela Ice Lake, que foi anunciada na CES.
É uma boa notícia para a empresa. Só que, em meio a essa indecisão, as rivais não pararam. A Qualcomm, que hoje domina o mercado de smartphones, chegou aos 7nm no final do ano passado, com o Snapdragon 855. A Apple, com o A12, e a Huawei, com o Kirin 980, foram ainda mais rápidas e anunciaram chips do tipo ainda antes de outubro.
A Samsung não ficou muito atrás e também revelou o seu chip, enquanto a AMD apresentou nesta semana algumas GPUs que seguem esse processo de fabricação. A expectativa é de que a MediaTek e a Nvidia também não demorem muito mais para entrar nesse barco. Não quer dizer que a Intel esteja em crise, vale dizer: a empresa tem outras fontes de renda que estão bem saudáveis. Mas a companhia, que liderava o setor com folga, vai ter que remar bastante para alcançar a concorrência nos processadores. Fonte: Portal Exame