O sonho de milhões de jogadores brasileiros de atuar na Europa, nas melhores ligas do mundo, como as de Espanha, Inglaterra, Itália e França muitas vezes acaba em um destino menos glamuroso: o futebol ucraniano. Uma história que começou há quase 20 anos depois que os ucranianos decidiram priorizar o futebol brasileiro.
A Liga Ucraniana de Futebol tem apenas 16 clubes na primeira divisão, onde Shakhtar Donetsk e Dínamo Kiev se revezam como únicos campeões há 29 anos, com times repletos de brasileiros.
Atualmente, 30 atletas brasileiros atuam na primeira divisão do futebol ucraniano. Essa aposta começou com um romeno. Mircea Lucescu, técnico ganhador de nove títulos nacionais na Ucrânia (oito com o Shakhtar e um com o rival, Dínamo de Kiev), é um fã confesso do futebol do Brasil. Ao ser contratado em 2004 ele pediu a contratação de atletas alegando que “os brasileiros jogam o puro futebol”.
Lucescu vinha de uma conquista da Copa da UEFA com o Galatasaray, da Turquia, comandando Taffarel e Jardel, ambos jogadores da Seleção Brasileira, e o Shakhtar já tinha uma experiência com uma contratação do Brasil: o atacante Brandão, ex-São Caetano.
Com a chegada do treinador romeno em 2004, os brasileiros passaram a dominar as vagas. Atuaram pelo clube, entre outros: Fernandinho, Willian, Douglas Costa, Elano e Luiz Adriano, todos com passagem pela seleção nacional.
Atualmente, o Shakhtar tem uma comissão técnica italiana, mas a presença dos brasileiros continua grande. São 13 jogadores: Dodô, Vitão, Marlon, Vinícius Tobias, Ismaily, Marcos Antonio, Maycon, David Neres, Tetê, Alan Patrick, Pedrinho, Fernandinho e Junior Moraes.
Ídolos nacionais, três brasileiros acabaram se naturalizando ucranianos para defender a seleção europeia. O atacante Junior Moraes e os meio-campistas Marlos e Edmar Lacerda foram convocados para as eliminatórias da Eurocopa e Copa do Mundo.
Marlos deixou o Shakhtar em dezembro de 2021 depois de uma década no clube e o título de melhor jogador da Ucrânia. Edmar, que chegou ao país em 2002 e se aposentou em 2019, casado com uma ucraniana, até incorporou o sobrenome da esposa, passando a se chamar Edmar Aparecido Galovskyi de Lacerda.
Dos três, o único que permanece na Ucrânia é Junior Moraes. Ele aparece no vídeo postado numa rede social em que um grupo de jogadores brasileiros de Shakhtar e Dínamo pedem ajuda para sair da Ucrânia. Na mensagem, o zagueiro Marlon falou em nome do grupo:
“Estamos todos reunidos aqui, jogadores do Dínamo e do Shakhtar com as nossas famílias, e a gente está hospedado aqui no hotel devido à toda situação. A gente está aqui pedindo a ajuda de todos vocês para promover esse vídeo. Devido à falta de combustível que existe na cidade, fronteira fechada, espaço aéreo fechado, então não tem como a gente sair. A gente pede muito apoio ao governo do Brasil, que possa nos ajudar. Eu espero que vocês possam nos ajudar promovendo esse vídeo e alcançar o máximo de pessoas possível.”
Os outros brasileiros no futebol ucraniano são: Vitinho (Dínamo Kiev), Paulinho, David e Matheus Peixoto (Metalist Kharkiv), Lucas Rangel (Vorksla Poltava), Willian (Ingulets Petrov), Diego Carioca e Renan Oliveira (Kolos Kovalivka), Busanello, Felipe Pires e Bill (SK Dnipro), Juninho, Guilherme Smith e Cristian (Zorya Lugansk), Wanderson (Chornomorets Odesa), Edson e Talles (FC Rukh Vynnyki).
Fonte: CNN Brasil