Um jovem de 20 anos morreu na madrugada desta sexta-feira (28) baleado por um sargento da Polícia Militar em um bar no Itapoã, região administrativa do Distrito Federal.
Ithallo Matias Gomes foi atingido no abdômen e levado ao Hospital Regional de Santa Maria (HRS) em estado grave, mas não resistiu aos ferimentos.
Após o disparo, o militar Carlos Eduardo Lopes Vidal foi pessoalmente até a 6ª Delegacia de Polícia, no Paranoá. Ele não foi preso em flagrante. O G1 ligou para o sargento nesta manhã, mas as chamadas caíram na caixa postal.
Como justificativa para soltar o PM, a Polícia Civil afirmou que Carlos Eduardo se apresentou “espontaneamente” e “não há testemunhas do fato”. No entanto, no boletim de ocorrência, constam depoimentos de duas pessoas, além do próprio policial (leia abaixo).
A perícia também não chegou a ser acionada, porque o local do crime havia passado por limpeza quando os policiais chegaram. O caso está sendo investigado como homicídio, roubo e morte por intervenção de agente do Estado.
O que dizem os envolvidos
Em depoimento à Polícia Civil, o sargento Carlos Eduardo disse ter reagido a uma tentativa de roubo. A vítima teria conseguido pegar a arma PM, que estava presa à cintura, quando ele deixava o bar.
Ainda de acordo com o depoimento, os dois teriam disputado a arma e “a pistola acabou disparando”. O militar disse não saber quem acionou o gatilho, porque “ambos puxavam a pistola de cada lado”.
Testemunhas ouvidas pela Polícia Civil divergem da versão do sargento. O médico que atendeu Ithallo no hospital público disse que o jovem chegou ainda consciente à sala de cirurgia e verbalizou que havia “trombado com uma pessoa no local e, imediatamente, fora alvejado”.
Uma mulher que disse ter um caso extraconjugal com Carlos Eduardo contou outra versão da mesma história. De acordo com ela, o disparo foi motivado por uma briga entre o sargento e dois homens que faziam parte do grupo de amigos dela.
Em depoimento, ela disse que os colegas “foram tirar satisfação” com o militar logo que ele a abraçou, por acharem que estava “dando em cima” dela de forma forçada. Segundo a mulher, o sargento estava acompanhado de dois amigos – um deles, agente penitenciário.
Durante a confusão, Carlos Eduardo teria levado um soco no rosto e avançado sobre o agressor, dizendo que estava armado. A mulher conta que tentou segurar o braço do sargento, mas foi empurrada por ele. Então, o amigo dela teria saído correndo e sido perseguido pelo militar, com a arma em mãos.
Ainda de acordo com a mulher, quando o PM atirou, o homem que lhe havia dado um murro estava sendo imobilizado no chão pelo agente penitenciário. Logo à frente, Ithallo Matias estava sangrando, encostado em uma parede.
A mulher disse que não conhecia Ithallo e que o sargento “não era ciumento com ela e nunca demonstrou sinais de agressividade”.