A Justiça de São Paulo negou recurso da Americanas em ação movida pelo Bradesco e indicou a Kroll para vistoriar computadores da varejista em busca de provas de fraude no escândalo contábil que levou a empresa à recuperação judicial.
A Americanas alegou, em seu recurso à Justiça, que a busca nos emails poderia gerar risco de vazamento para a imprensa da intimidade de terceiros não relacionados ao caso e pediu a suspensão da decisão que autorizava as investigações.
A juíza Andréa Galhardo Palma decretou sigilo sobre o material colhido nos computadores. Ela autorizou, porém, o compartilhamento de eventuais provas com a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que pediu acesso ao material para ajudar nas investigações internas.
“Considero notório o interesse público na apuração dos fatos em questão, que será beneficiado pelo incremento da transparência sobre as provas aptas a demonstrarem as alegadas fraudes”, escreveu a juíza da 2a Vara Empresarial do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo).
O sigilo serve apenas para o material colhido nos computadores “até que seja feita uma triagem pelo expert nomeado”. Demais atos processuais permanecerão públicos “por razões de interesse público e transparência”.
A juíza havia autorizado buscas em todas as caixas de email institucional dos diretores, integrantes do Conselho de Administração e do Comitê de Auditoria e funcionários das áreas de contabilidade e de finanças –tanto dos atuais quanto daqueles que ocuparam esses cargos nos últimos dez anos.
A Americanas recorreu da decisão, alegando que o caso já vem sendo investigado por autoridades competentes e que a auditoria nos emails gera o risco de vazamento.
Em resposta ao recurso, os advogados que representam o Bradesco alegaram que “a Americanas foi palco para uma das maiores fraudes contábeis da iniciativa privada”.
Após o anúncio de descoberta de “inconsistências contábeis” em seu balanço, a empresa pediu recuperação judicial para equacionar uma dívida de R$ 43 bilhões.
As buscas nos computadores dependiam ainda da definição de empresa responsável pela vistoria, já que as primeiras indicadas, EY e Deloitte, recusaram-se a aceitar a missão alegando conflito de interesses.
A EY disse à Justiça que já havia sido contratada pela Americanas para compor comitê independente de investigações sobre a crise. A Deloitte afirmou apenas que segue “diretrizes internas”.