O Kremlin afirmou nesta segunda-feira, 30, que as transcrições de telefonemas entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, só podem ser publicadas em acordo mútuo.
A Casa Branca restringiu severamente a distribuição de memorandos detalhando as ligações de Trump com líderes estrangeiros, incluindo Putin.
Questionado sobre a pressão do Congresso para que a Casa Branca entregue a transcrição de telefonemas entre Putin e Trump, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, respondeu que “a publicação só será possível de comum acordo”. “Se recebermos alguns sinais dos EUA, consideraremos”, disse ele, em uma teleconferência com repórteres.
Peskov observou que a “prática diplomática não contempla tais publicações”, acrescentando que trata-se de uma questão interna dos EUA.
A transcrição da ligação de Trump com o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, divulgada pela Casa Branca, agora é o foco de uma investigação de impeachment nos EUA. A conversa revela Trump pedindo à Ucrânia que “investigasse” seu principal adversário democrata nas eleições de 2020, o ex-vice-presidente Joe Biden.
A publicação da conversa, na qual os presidentes fizeram comentários críticos sobre a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Emmanuel Macron, prejudicou os esforços da Ucrânia para estreitar os laços com a União Europeia e motivou comentários críticos de outras autoridades e legisladores russos.
Falando no domingo à TV estatal, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, disse que a liberação da chamada entre Trump e Zelenski pela Casa Branca deve colocar outros chefes de Estado sob cautela nas conversas com o presidente americano.
“Todo mundo entende, depois desse escândalo, que é perigoso fazer ligações e negociar com Washington”, disse ela.
A pressão dos democratas pelas publicações das transcrições de conversas entre Trump e Putin ocorre em meio a uma tensão sobre a interferência da Rússia nas eleições presidenciais dos EUA em 2016, que o Kremlin nega e Trump tenta minimizar.
Putin e seus assessores ridicularizaram a investigação do advogado especial dos EUA Robert Mueller sobre a interferência do Kremlin nas eleições de 2016, classificando-a como um fracasso e ignorando as evidências de interferência russa na votação apresentadas por ele.
Mueller descobriu que não havia provas suficientes para estabelecer uma conspiração entre a campanha de Trump e a Rússia mas acusou 12 oficiais da inteligência militar russa de invadir os computadores do Partido Democrata nos Estados Unidos contas de e-mail de funcionários da campanha de Hillary Clinton.