Diário de Anne Frank, mais famoso livro sobre o assunto, vendeu mais de 30 milhões de exemplares
O livro assinado por uma criança mais famoso sobre a Segunda Guerra mundial não trata da experiência de desumanização vivida nos campos de concentração e guetos e sim do dia a dia de uma menina escondida no sótão de uma casa em Amsterdã (Holanda). Traduzido em 67 idiomas, O Diário de Anne Frank vendeu mais de 30 milhões de exemplares e gerou dezenas de livros em torno da história da adolescente que passou parte da guerra refugiada em um esconderijo antes de ser deportada para um campo de concentração. A guerra narrada do ponto de vista infantil pode ser mais cruel, mas carrega também uma perspectiva única e delicada. Quando os pequenos são vítimas ou protagonistas, a besteira humana parece alcançar dimensões épicas. É o que acontece em O livro de Aron (Jim Shepard), Anna e o homem das andorinhas (Gavriel Savit) e A cor da coragem (Julian Kulski), todos lançamentos que acabam de desembarcar nas livrarias.
A cor da coragem tem início quando Julian Kulski, um menino de 10 anos, é enviado para uma cidade do interior da Polônia com a mãe e a irmã, em agosto de 1939. Filho do vice-prefeito de Varsóvia, o garoto assiste à crescente preocupação do pai diante da ocupação alemã com um certo entusiasmo. Seu maior temor é a guerra acabar e ele não poder participar. Mas as coisas vão ficar feias na Polônia, Varsóvia será um entreposto de Hitler e mais de 300 mil judeus vão perecer no gueto criado pelos nazistas. E Kulski vai lutar.
O garoto não é judeu e pode, portanto, circular pela cidade. Ele aproveita essa liberdade para se juntar ao exército da resistência polonesa. No diário, publicado pela primeira vez em 1979 e agora reeditado pela Valentina com prefácio do Nobel Lesh Walesa, o menino cresce à força diante da morte e da devastação. Setenta e sete anos se passaram desde o início da guerra, mas Kulski ainda tem dificuldade em aceitar a desumanidade da época. Ele conta, no prefácio, que decidiu publicar o relato para ajudar historiadores na reconstituição dos fatos.
Tempos de guerra
A cor da coragem
De Julian Kulski. Valentina, 272 páginas. R$ 59,90
Para além do diário de Anne Frank
Organizado por Casa de Anne Frank. Tradução: NLTranslations.com. Casa da Palavra, 192 páginas. R$ 34,90
O livro de Aron
De Jim Shepard. Tradução: Caetano Waldrigues Galindo. Companhia das Letras, 208 páginas. R$ 44,90
O mundo de Anne Frank
De Janny Vand Der Molen. Tradução: Alexandra de Vries. Rocco, 184 páginas. R$ 34,50
Anna e o homem das andorinhas
De Gavriel Savit.Tradução: Elisa Nazarian. Fabrica 231, 272 páginas. R$ 29,50
Outros clássicos que trazem como protagonistas crianças e adolescentes.
Na literatura, os pequenos se tornam um olhar humano
Quando Hitler roubou o coelho cor de rosa (Judith Kerr)
O livro sobre a filha de um escritor que foge do regime nazista é um clássico da literatura infanto-juvenil. Sem tradução no Brasil, a narrativa de Kerr conta uma história autobiográfica e é considerada um dos relatos sobre a Segunda Guerra mais importantes quando se trata de pequenos leitores. Como a personagem Anna, Judith era filha de um escritor alemão que fugiu com a família em 1933, assim que Adolf Hitler chegou ao poder. Alfred Kerr vislumbrou o que estava por vir e preferiu imigrar para a Inglaterra.
A menina que roubava livros (Markus Zusak)
Com mais de 2 milhões de exemplares vendidos no Brasil, o livro publicado em 2007 narra a história de Liesel, uma órfã que vê o mundo se abrir quando descobre a literatura na biblioteca de seus patrões. O encantamento acontece em plena invasão nazista e ajuda a garota a passar pelos horrores da guerra.