Maioria foi em Ceilândia. Casos de tentativa de feminicídio aumentaram entre 2016 e 2017.
De janeiro a março de 2018, foram registradas 84 agressões à mulher pela Polícia Civil em Brasília. A maioria das denúncias de violência doméstica, amparadas pela Lei Maria da Penha, vieram de Ceilândia, onde 20 casos foram registrados. Em seguida, vem Paranoá, Taguatinga e Samambaia, com 10 registros cada.
Em relação aos feminicídios, a Secretaria de Segurança aponta que o número de casos registrados de tentativa aumentou entre 2016 e 2017 – de 18 para 63. No ano passado, 19 mulheres foram assassinadas em razão do gênero. Destas, 78% foram mortas dentro da própria casa.
O crescimento, porém, não necessariamente representa um aumento real, segundo a pesquisadora da Universidade Católica de Brasília Marcella Figueira. “A mulher tem se sentido mais segura para denunciar”, disse à TV Globo.
“As leis [Maria da Penha e do feminicídio] aumentam a punição e dão mais medidas protetivas.”
No entanto, a pesquisadora destaca que a legislação tem efeito somente após a agressão e, por isso, é necessário que a mulher se emancipe. “Se a mulher percebe que está em uma relação abusiva e não se sente capaz de romper, deve procurar centros especializados, denunciar pelo Disque 180, buscar uma rede de proteção que possa ajudá-la.”
Segundo Marcella, as relações abusivas geralmente começam de forma afetiva e se transformam com o passar do tempo. “Começa verbal, psicológica e avança para a violência física”, disse. “As mulheres até percebem os sinais de abuso, mas, muitas vezes, não acreditam que os parceiros sejam capazes de cumprir as ameaças.”
“A característica [destes relacionamentos] é dilapidar a auto-estima da mulher a ponto de ela não ter força para romper o ciclo de violência.”
Outro ponto citado pela pesquisadora como característico dos relacionamentos abusivos é a definição de papéis “muito rígidos” de gênero impostos pelo homem ao casal. “A percepção de que a mulher deve cumprir certos papéis e o homem é o controlador. Que o lugar da mulher é subalterno.”