De acordo com o presidente, o BNDES vai antecipar o pagamento dos recursos à União desde que essa devolução não coloque em risco a saúde financeira do banco
Brasília — O presidente do BNDES, Joaquim Levy, diz que a devolução dos recursos do banco à União deve estar atrelada ao pagamento dos financiamentos que a instituição concedeu com aportes feitos pelo Tesouro. “Tem dinheiro que está emprestado à Caixa, ao Banco do Brasil, e a algumas agências de fomento, além de Estados e municípios. Aí depende de esses devedores poderem devolver, por conta do programa a que estão associados”, diz. Segundo ele, o banco vai antecipar o pagamento dos recursos à União desde que essa devolução não coloque em risco a saúde financeira da instituição.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, cobrou, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, a antecipação de mais de R$ 100 bilhões neste ano. O secretário da Fazenda, Waldery Rodrigues Júnior, afirmou que enviou ofício “cristalinamente claro” ao banco com o pedido de devolução de R$ 126 bilhões. Segundo ele, o banco tem condições de devolver essa quantia sem descumprir nenhuma regra de solvência.
O BNDES começou a devolver os mais de R$ 500 bilhões que a União aportou no banco em 2015, quando Levy era o ministro da Fazenda. Na época, ele encerrou o Programa de Sustentação do Investimento (PSI), que financiava grandes empresas, as “campeões nacionais”, com taxas subsidiadas.
Agora, à frente do BNDES, Levy diz que, para devolver uma parcela maior do que a que estava prevista inicialmente neste ano, vai precisar do pagamento dos financiamentos que foram desembolsados pelo banco. Juntos, Estados, municípios, Caixa, BB e a agência de fomento de pesquisa Finep devem R$ 36,52 bilhões ao BNDES.
Segundo os dados do banco, do total que a União aportou, R$ 205,7 bilhões estão contratados em operações de crédito. A devolução dos recursos ao Tesouro é “uma prioridade para o banco”, diz Levy.
Segundo ele, o BNDES tem dinheiro em caixa, porque, com o fim do subsídio da Taxa de Juros de Longo Prazo, que foi substituída pela Taxa Longo Prazo (TLP), algumas grandes empresas fizeram as contas e preferiram antecipar o pagamento dos empréstimos à instituição.
Mudança
Na avaliação de Levy, até 2014, o governo usou o banco para muitas atividades “porque parecia muito fácil se alavancar via BNDES”. “O Tesouro botava dinheiro no BNDES e depois mandava emprestar para uma porção de coisas. Nós temos que desfazer várias dessas coisas, ao mesmo tempo em que mantemos a sustentabilidade financeira do banco.”
O presidente diz ainda que a venda de ações pertencentes à instituição está caminhando muito bem e num ritmo mais rápido do que “alguns pensam”. Segundo ele, o banco está vendendo grandes fatias, assim como pequenas posições que estavam negligenciadas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte Exame