Responsável por grampear e delatar colegas da Câmara Legislativa do Distrito Federal no esquema de suspeita de desvio de emendas parlamentares destinadas à Saúde, a distrital Liliane Roriz (PTB) é vista pela população do DF com a mesma desconfiança em relação aos colegas. Para a maioria, a parlamentar é “farinha do mesmo saco” que os demais deputados. A afirmação foi colhida em uma pesquisa feita pelo Instituto Dados.
Perguntados sobre o que achavam das gravações escondidas feitas por Liliane Roriz contra os colegas e que resultaram na Operação Drácon, 64% dos entrevistados a classificaram como “farinha do mesmo saco”. Para 26,3% dos brasilienses, a filha do ex-governador Joaquim Roriz “agiu corretamente”. Já para uma parcela de 6% dos entrevistados, a deputada é uma “traidora”. A pesquisa ouviu 1,2 mil pessoas entre os dias 16 e 21 de dezembro, moradoras de 26 regiões administrativas.
Liliane Roriz foi responsável por gravar conversas de deputados e servidores da Câmara Legislativa que indicariam negociações de propinas com recursos públicos. Os grampos começaram no fim de 2015, quando os parlamentares decidiam sobre o que fazer com uma sobra orçamentária da Casa.
Em um primeiro momento, os recursos seriam destinados ao GDF para custear reformas nas escolas públicas. De última hora, no entanto, o texto do projeto de lei foi modificado, e o dinheiro – R$ 30 milhões de um total de R$ 31 milhões – acabou realocado para a Saúde. O valor foi destinado ao pagamento de serviços vencidos em UTIs da rede pública.
Usando um gravador, Liliane teria questionado a então presidente da Câmara, Celina Leão (PPS), sobre a mudança na votação. No áudio, é possível ouvir Celina falando que o “projeto” seria para um “cara” que ajudaria os deputados. A ex-presidente da Casa disse ainda que Liliane não ficaria de fora: “Você (Liliane) tá no projeto, entendeu? Você tá no projeto. Já mandei o Valério (ex-secretário-geral da Câmara) falar com você.” A distrital também gravou Celina Leão e outros políticos na sua casa, no Park Way.
As gravações e as denúncias resultaram na Operação Drácon, deflagrada em 23 de agosto e responsável por afastar a Mesa Diretora composta por Celina Leão, presidente; Raimundo Ribeiro (PPS), 1º secretário; Julio Cesar (PRB), 2º secretário; e Bispo Renato Andrade (PR), 3º secretário. Cristiano Araújo (PSD) também é investigado por ter sido citado nos áudios gravados por Liliane. Celina Leão chegou a dizer que Liliane Roriz estava agindo a mando do Buriti e ainda que as duas são “inimigas públicas”
Desde a divulgação do caso, Liliane Roriz apareceu poucas vezes na Câmara Legislativa. A última foi durante a votação para a escolha do novo presidente da Casa, em 15 de dezembro. Liliane votou com Joe Valle (PDT), apoiado pelo grupo de Celina e que saiu vencedor. Do outro lado estava Agaciel Maia (PR), indicado do governador Rodrigo Rollemberg (PSB).
Fonte: Metrópoles