Empresários do varejo decidiram cobrar um posicionamento claro da Câmara Legislativa. Cansados de ser lembrados apenas nas eleições, como alegam, comerciantes articularam a Frente Parlamentar de Defesa do Comércio Varejista.
E qual é a diferença desta frente para tantas outras que também levantam bandeiras semelhantes, sem colher resultados concretos? Desta vez, o setor produtivo também criou ferramentas digitais para dialogar, acompanhar e cobrar as ações dos parlamentares.
Passo a passo
O site do Sindicato do Comércio Varejista do DF (Sindivarejista) p”assará a divulgar cada passo dos distritais participantes da frente. Pela ferramenta, os empresários poderão mandar mensagens diretamente para os deputados.
“Os políticos só nos procuram nos 45 dias de eleição. Vamos acabar com a enrolação de muitos deputados em cima do varejo. Por isso estamos nos unindo para daqui a 2 anos e alguns meses nós sabermos escolher melhor os deputados que defendem o varejo”, afirmou o presidente do Sindvarejista, Edson de Castro.
A lista de pleitos do setor é vasta e inclui a reforma de calçadas, redução de impostos e desburocratização. “Tem mais coisa. Existe um projeto de lei na Câmara que sugere o fechamento dos comércios aos domingos. Isso nos preocupa. É um absurdo”, contou.
A presidente da nova frente parlamentar é a deputada distrital Sandra Faraj (SD). Ao menos em tese, o bloco conta com o apoio de 16 parlamentares.
No almoço de lançamento da frente com setor produtivo, no Clube Golfe, ontem, também estiveram presentes representantes do governo Rodrigo Rollemberg. O secretário Relações Institucionais e Sociais, Igor Tokarski, considerou justas as cobranças dos comerciantes e declarou que o Buriti lançará um canal direto com o setor ainda neste ano.
Prioridades são três
A deputada Sandra Faraj promete que a frente trabalhará de forma incisiva. O bloco buscará ações em conjunto, mas cada distrital poderá agir de forma independente. Segundo a parlamentar, os três principais desafios do setor são: a “tumultuada” forma de cobrança do tributos; o crescente desemprego; e a insegurança de lojistas e clientes, vítimas de crimes em todo DF.
Juros sobem, inadimplência também
Pela primeira vez no ano, o Banco Central registrou aumento no estoque de operações de crédito no País, interrompendo uma sequência de quatro recuos consecutivos. Ainda não é possível, no entanto, falar em reação desse indicador de reativação da economia.
Em maio, o estoque cresceu 0,1% em relação a abril, para R$ 3,14 trilhões. Na comparação com o PIB (Produto Interno Bruto), o crédito encolheu de 52,6% para 52,4%, a quinta queda consecutiva. Em 12 meses, houve aumento de 2%, bem menos que à inflação de 9% no período.
As concessões de novos empréstimos avançaram 0,3% na comparação mensal, mas caíram 6% comparadas ao mesmo período do ano anterior. O crédito à pessoa física avançou 0,4% no mês e 4,8% em 12 meses.
A taxa média de juros chegou a 71,7% ao ano no crédito ao consumo. Em maio do ano passado, estava em 57,3%.
Cartão cobra 471%
No cheque especial, os juros chegaram a 311% ao ano. O juro dessa modalidade tem batido recordes de alta desde março. No rotativo do cartão de crédito, a taxa subiu para 471% ao ano, também novo recorde.
A inadimplência nas operações ao consumo passou de 5,4% em maio do ano passado para 6,3% em maio deste ano. Para as empresas, no crédito livre, variou de 3,9% para 5,4% no mesmo período.
Crise começa a perder fôlego, avisa o Ipea
Estudo divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) diz que a crise econômica que atinge o País começa a perder fôlego. Apesar disso, ainda há um longo caminho para a recuperação, diz o coordenador de Conjuntura do Ipea, José Ronaldo Souza Júnior.
Segundo o Ipea, os sinais de que a crise está perdendo fôlego podem ser percebidos principalmente na indústria nacional. Além disso, a desvalorização do real ante o dólar, de acordo com o Ipea, beneficia o setor exportador brasileiro, principalmente nos segmentos têxtil, madeireiro e de calçados. A desvalorização do real também estimula a substituição de importação.