Filme de Adirley Queiroz coloca Ceilândia na tela do Cine Brasília, nesta sexta. Na película, agente intergaláctico aterrissa no Brasil durante impeachment de 2016.
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Um visitante extraterrestre é encarregado de matar o líder de uma nação em meio a um dos momentos mais importantes de sua história. Poderia ser ficção científica com seres de outro planeta, mas é cinema baseado em fatos reais. “Era uma vez Brasília”, filme que estrela o 50ª Festival de Brasília do Cinema Brasileiro nesta sexta-feira (22), às 21h, traz princípios de filme espacial, mas conta a realidade dos dias atuais.
O agente intergaláctico WA4 é enviado ao Planeta Terra e, mais especificamente, à Brasília com a missão de dar fim à vida do ex-presidente Juscelino Kubitschek no dia da inauguração da nova capital.
Sua nave se perde no tempo e no espaço, e ele aterrissa em Ceilândia, região administrativa do Distrito Federal, em 2016, em meio às manifestações populares contra e favor ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Ao governo do Distrito Federal, o diretor falou sobre a motivação para a obra.
“Queremos contar a história do contexto no qual estamos inseridos. O Brasil pós-golpe vive um processo nebuloso, uma atmosfera apocalíptica. É isso que queremos materializar.”
Ceilândia, região onde a personagem principal chega à Terra, é o berço criativo de Adirley. Morador da cidade há 40 anos, é de lá que vem a inspiração para muitas de suas obras, como “Branco sai, preto fica” – longa-metragem vencedor do Festival de Brasília em 2014 – e “Rap, o canto da Ceilândia”, melhor curta da edição de 2005, pelos júris oficial e popular.
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Festival politizado
Veterano da disputa, o cineasta elogia o tom politizado do festival. “Ele se distingue dos outros porque abre uma janela política, tem potência de agregar conhecimento e de se transformar em um espaço de reflexão”, diz Adirley, em material divulgado pelo GDF.
As filmagens de “Era uma vez Brasília” começaram em 2015. A obra contou com recursos de R$ 350 mil do Fundo de Apoio à Cultura (FAC).
Os atores de Ceilândia Wellington Abreu, Andreia Vieira, Marquim do Tropa e Franklin Ferreira dão vida aos personagens fictícios da película, filmada, principalmente, em cenários noturnos. Imagens documentadas das manifestações populares também compõem a narrativa do longa-metragem.
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Para Adirley, os cenários noturnos retratam a realidade do país: “Temos clareza sobre o movimento que ocorre no Brasil, onde os direitos das classes populares e da periferia são ceifados”, disse o diretor ao governo do DF.
O diretor goiano, radicado no Distrito Federal desde 1975, também participa da produção do curta-metragem “Carneiro de Ouro”, de Dácia Ibiapina, que será projetado na tela do Cine Brasília nesta sexta. A diretora e professora de audiovisual da Universidade de Brasília (UnB) orientou o trabalho de conclusão de curso de Adirley na instituição e, desde então, ambos trabalham juntos no fomento do cinema do DF.