Trânsito na região ficou lento durante manhã. População pede que prédio de acolhimento de moradores de rua não fique próximo de residências.
Um grupo de manifestantes fechou nesta terça-feira (21) uma das faixas da BR-070, na altura da QNR 05, em Ceilândia, no Distrito Federal. Com faixas na mão, eles protestam contra a construção de um albergue, para abrigar moradores de rua, próximo de escolas e da região habitacional da cidade. Apesar de ter terminado às 9h, o trânsito continuou lento até as 9h30.
O protesto começou por volta das 6h e aos poucos a população, que mora na região, tomou conta das faixas da pista. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) chegou ao local e liberou uma das faixas para não interromper o fluxo de carros que passava na região. De acordo com a PRF, cerca de 60 pessoas participavam da manifestação. Já a organização informou que cem pessoas participaram.
Segundo o líder comunitário João Gomes, o albergue não deveria ser inaugurado porque a região precisa de outros serviços, como postos de sáude e creches e não de moradores de rua que “podem deixar o local mais violento”.
O G1 entrou em contato com a Secretaria de Desenvolvimento Social do DF que informou que o albergue será aberto assim que os equipamentos necessários para o funcionamento estejam instalados. Eles informaram também que “o albergue sempre beneficia a comunidade, porque os usuários, muitas vezes são os moradores da região.”
“A gente não quer. A gente sabe que não funciona. Não é viável para gente. Aqui é um lugar que não tem um posto de saúde, uma creche. A gente teme que a violência aumente na nossa comunidade”, afirmou Gomes.
Quem passava pela BR-070 criticou o engarrafamento que o protesto gerou. O vigilante Itael Arraz Rocha disse que não tem previsão de que horas iria conseguir chegar ao trabalho.
“De Águas Lindas para Taguatinga Norte, o ônibus demora geralmente 35 minutos. Hoje já estou há duas horas e ainda não cheguei”, contou.
A reclamação dos moradores se apoia no Projeto de Lei 1.173/16, que proíbe a instalação de albergues em perímetros urbanos próximo a áreas habitacionais e escolares. Porém, apesar de ter sido aprovada em todas as comissões da Câmara Legislativa, o projeto foi vetado pelo governador Rodrigo Rollemberg. Ou seja, a abertura dos albergues será mantida.
Entenda o caso
O albergue, localizado na QNR 1, começou a ser construído em 2012, ainda sob gestão do governador Agnelo Queiroz. O objetivo era abrigar até 150 moradores de ruas da região. À época, a Secretaria de Desenvolvimento Social informou que o prédio era necessário já que 30% da população de “sem teto” vive em Taguatinga e Ceilândia.
Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Social, o GDF gastou aproximadamento R$ 5,9 milhões para a construção do prédio de 3,9 mil m².