Estudo feito por aluna da Universidade Católica de Brasília (UCB) alerta para excesso de comida e falta de higiene
O consumo de marmitas comercializadas por ambulantes durante o almoço é uma prática comum no Distrito Federal. Remonta à época da construção da cidade. O que muita gente não sabe é que a maioria das refeições não tem a qualidade nutricional necessária. Pesquisa realizada pela Universidade Católica de Brasília (UCB) comparou 10 marmitex de diferentes pontos da capital e concluiu que 40% delas estão com calorias acima do recomendado e 10% abaixo. Além disso, verificou-se que as condições de higiene em que os alimentos são comercializados deixam a desejar.
“Nem todos os vendedores usavam touca, outros apresentavam unhas compridas ou com esmaltes. Esses alimentos são comercializados em calçadas ou porta-malas e armazenados em caixas de isopor. Definitivamente, não são as condições mais adequadas para a venda e o consumo de refeições”, destaca a estudante de nutrição Amanda Hoffmann, autora da pesquisa.
De acordo com ela, as marmitas apresentavam grande quantidade de comida. Como resultado, verificou-se que as marmitas são excessivamente calóricas e ricas em gorduras, o que favorece o desenvolvimento de obesidade e de doenças cardiovasculares. A quantidade de macronutrientes no almoço, para manter a saúde do trabalhador, deve ser de 60% de carboidratos, 15% de proteínas e 25% de lipídios.
A pesquisa aponta que em relação ao percentual de carboidratos, 90% das marmitas estavam abaixo da recomendação. Já quanto ao percentual de proteína, 90% apresentaram índices acima do recomendado, que é de 15% da dieta; e 50% delas apresentaram o percentual acima do recomendado em relação aos lipídios.
Para facilitar a interpretação dos dados, foi feita a média de cada macronutriente e uma comparação por meio das recomendações do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT). Isso porque a maioria das pessoas que consome essa refeição comercializada na rua é formada por trabalhadores, em virtude de não conseguirem ir para casa na hora do almoço.
Além disso, “as condições higiênico-sanitárias não são conhecidas, expondo o consumidor às doenças transmitidas por alimentos”, reforça a orientadora da pesquisa, professora Iama Soares.
Diante do que viu nas ruas, a autora da pesquisa faz um alerta: “É importante analisar se o alimento está bem embalado e em um local apropriado de armazenamento. Dê preferência a alimentos trazidos de casa ou locais que tenha acompanhamento de uma nutricionista, para identificação de problemas que englobam desde o planejamento dos cardápios até as demais etapas que envolvem a produção e distribuição de refeições”. (Com informações da UCB)