O segundo ano da pandemia seguiu tomado por alívio e ansiedade para quem em 2020 foi obrigado a aprender como trabalhar isolado em casa.
O tal novo normal sobre o qual tanto se falou nos primeiros meses da pandemia, com previsões de fim dos locais presenciais de trabalho, cidades sem trânsito, vida profissional tocada a distância, não se concretizou. Pelo contrário, o que se viu foram iniciativas de retomada buscando modelos próximos, embora não iguais, ao que existia antes da chegada do coronavírus. Em vez de novo normal, o mantra no mercado em 2021 foi o sistema híbrido.
O conceito caiu bem. Ganhos obtidos com o home office seriam garantidos ao mesmo tempo que a flexibilidade para comparecer às sedes presenciais soaram interessantes. Entretanto, a prática não se mostrou tão simples. Do lado das empresas, a apreensão com a segurança digital, o gerenciamento de equipes formadas por pessoas de lugares geograficamente separados, a questão da exigência do passaporte vacinal e a manutenção da coesão dos times em trabalho híbrido surgiram como preocupações ainda sem resposta, levando a adiamentos e mudanças de planos em relação aos esquemas a ser implantados. Da parte dos empregados, o medo do contágio e a resistência à volta ao regime antigo, das 8 às 17 horas no escritório, despontaram como entraves. Em Nova York, nos Estados Unidos, uma pesquisa feita pela NYC Partnership mostrou que, no fim de outubro, apenas 8% dos funcionários de escritórios de Manhattan estavam em trabalho presencial todos os dias da semana, 10% compareciam quatro dias, 12%, três dias, e 8%, um dia, enquanto 54% se mantinham em casa em tempo integral. No Brasil, um levantamento realizado pela Faculdade de Economia da USP com funcionários em cargos de chefia revelou que 86% dos entrevistados disseram ter condições de trabalhar de forma remota. Não há dúvida: vivemos novos tempos desafiadores.
Fonte: Veja