Profissionais de escolas públicas estão em greve desde 11 de novembro. GDF diz ter feito repasse as empresas; há prejuízos em 15 regiões.
Debaixo de guarda-chuvas, responsáveis pela merenda e limpeza em escolas públicas do Distrito Federal protestaram em frente ao Palácio do Buriti na manhã desta segunda-feira (21) contra o atraso no pagamento dos salários e tíquete-alimentação. Segundo o grupo, o repasse deveria ter ocorrido no dia 8. A paralisação, por tempo indeterminado, começou três dias depois. A Polícia Militar informou que 80 pessoas estavam na praça em frente à sede do governo local.
“É um ato provocando o governo para que ele possa liberar o dinheiro para as empresas. Na reunião da quarta-feira passada o GDF disse que tinha repassado R$ 21 milhões para as empresas, mas esse dinheiro ainda não caiu na conta das empresas”, disse o presidente do sindicato, Rogério Ferraz.
A greve já atinge as escolas de Santa Maria, Sobradinho, Planaltina, São Sebastião, Paranoá, Samambaia, Ceilândia, Taguatinga, Riacho Fundo I e II, Guará, Cruzeiro, Plano Piloto, Núcleo Bandeirante e Recanto das Emas. O sindicato informou que toda a categoria está em greve, mas não soube precisar o número de trabalhadores parados. Os funcionários afirmam que só vão voltar aos postos somente após o pagamento dos vencimentos em atraso.
Auxiliar de serviços gerais no Centro de Ensino Fundamental 8 de Sobradinho, Diomar Rodrigues é uma das trabalhadora que está sem receber o salário e o benefício este mês. “Está tudo atrasado. Cobrador na porta. Estou com a parcela do plano de saúde atrasada sem ter como me consultar. Eu quero que o governo ponha os salários em dia.”
Uma funcionária da empresa Real no Centro Educacional 1 do Paranoá que não quis se identificar também reclamou da situação. “Está horrível sem salário, com as contas todas atrasadas. Não tem como trabalhar sem salário. Para quem recebe no quinto dia útil estar até agora sem receber não dá. Ainda mais para quem paga aluguel. Está difícil.”
Representantes das categorias informaram que os repasses dos funcionários das empresas Real, Servegel e G&E já haviam caído nas contas no início da tarde. Com isso, os trabalhadores foram orientados a retomar às atividades. Os das outras seguem paralisados.
Por e-mail, a Secretaria de Educação disse que as escolas que estão sem merendeiras são orientadas a servir o lanche com biscoito e uma bebida. A alteração no cardápio acontece para que os estudantes não percam aulas e não sejam prejudicados.
Já os serviços de conservação e limpeza, oferecidos pela empresa Juiz de Fora, estão com paralisações pontuais nas seguintes regionais: Núcleo Bandeirante, Guará, Gama e Santa Maria. “Ressalta-se que em algumas escolas os funcionárias terceirizados não paralisaram os serviços. Além disso, nenhuma unidade escolar suspendeu as atividades.”
Professores aposentados
Professores aposentados pela rede pública também protestaram nos arredores do Buriti contra o não pagamento das licenças-prêmio. “A lei 840 garante que o professor, quando se aposenta, o governo tem até 60 dias para pagar essas licenças que são transformadas em pecúnia”, diz a coordenadora da Secretaria de Assuntos para Aposentados do Sindicato dos Professores, Silvia Canabrava.
De acordo com a coordenadora, são 309 professores aposentados de 2015 sem receber. Só este ano, foram publicadas 1.181 aposentadorias. “Praticamente cem por cento desses professores e orientadores educacionais têm pecúnia para receber.”
Os manifestantes ergueram cartazes com dizeres como “Rollemberg Caloteiro”, “Quem é o caloteiro? Rollemberg” e “calote, não”. Eles montaram uma mesa com comidas e bebidas e prometeram fazer vigília no palácio até o governo receber os aposentados e oferecer uma proposta concreta de pagamento.
De acordo com o sindicato da categoria, o governo já prometeu que pagaria outras vezes e não o fez. “Os servidores mão usufruem dessa licença não é porque querem ‘guardar’ para transformar em pecúnia, é porque a Secretaria de Educação não autoriza que eles utilizem essa licença enquanto estão em sala de aula”, afirma Silvia.
Professora aposentada desde julho de 2015, Nida Alves de Oliveira conta que tem duas licenças acumulados para receber. “Nós, os aposentados, estamos na mesma condição: endividados. O BRB oferece o [empréstimo] consignado, você tira na expectativa que vai quitar com a pecúnia. Praticamente todos nós estamos na mesma situação. Chega um momento que seu salário é só para pagar juros. Isso é um desrespeito com o professor que dedicou 25 anos de sua vida em sala de aula.”
A licença-prêmio é um benefício concedido aos professores da rede pública de ensino. A cada cinco anos de trabalho, o servidor tem direito a três meses fora. Caso a licença não seja usufruída no período em que o professor esteja em atividade, o benefício vira pagamento em dinheiro após o fim da carreira.