A chegada do metaverso – evolução da internet que oferece um espaço virtual, coletivo e imersivo onde as pessoas podem conviver usando avatares 3D customizados – abre um leque de oportunidades e desafios para marcas que desejam explorar esse novo universo. Segundo Luiz Telles, Diretor Nacional de Storytelling e Inovação da Artplan e Co-fundador do A-LAB, alguns conceitos utilizados recentemente por agências e criadores de conteúdo, como o storytelling, precisam ser revistos para fazer sentido neste novo mundo que se abre. A opinião foi compartilhada durante palestra no Gramado Summit, evento de brainstorming realizado entre 6 e 8 de abril na cidade gaúcha.
Para ele, ainda há muito hype no que se refere ao assunto, porém, já há marcas que apostam as fichas neste novo formato que une realidades virtual e aumentada para interagir com comunidades no ciberespaço. Companhias como Nike, Adidas, Renner, Itaú, Ralph Lauren e Stella Artois já cravaram experimentações e tem levado outras empresas de diferentes segmentos a se movimentarem.
Certamente esse movimento estimula a inovação, mas traz uma série de questões para produtores de conteúdo que trabalham com branded content. A necessidade de testar novos formatos de imersão, por exemplo, deverá levar em consideração diferentes pontos de vistas e eixos de distância (mais ou menos aproximados dos avatares), demonstrando a necessidade da evolução do storytelling.
Teles apontou cinco pontos que precisam ser analisados por criadores de conteúdo que desejam propor experiências narrativas dentro desse novo contexto.
1) Metaverso não tem borda
Ao contrário de plataformas como TV, cinema, smartphones ou computadores, que possuem frames e áreas delimitadas e controladas de atuação, no metaverso as narrativas devem ser pensadas para todo o ambiente. Não é possível saber onde começa e termina uma interação, pois as pessoas podem caminhar e olhar para diferentes locais.
2) O metaverso não é linear
As histórias se sobrepõem em tempo e espaço. Ao contrário do cinema, por exemplo, em que os roteiros conseguem controlar as histórias de forma linear, no metaverso as narrativas não devem ser contínuas – com início, meio e fim –, pois podem se desenrolar em diferentes lugares, independentemente do momento, muito parecido com o que ocorre nos games.
3) Metaverso é interativo
As histórias só são possíveis de serem vivenciadas com a participação das pessoas. Tudo deve ser pensado para estimular a ação de quem experimenta os ambientes.
4) Metaverso traz liberdade
Neste novo ambiente, são as pessoas que decidem qual caminho a ser trilhado. Por isso, o som passa a ser um recurso narrativo crítico com importante função nas histórias.
5) Metaverso é um mundo de histórias
Mais do criar uma história, é importante criar um mundo de histórias. Neste novo ambiente, o conceito de Storyworld, que impacta a audiência com um universo de coisas que acontecem repletas de significados, ganha ainda mais força.
“Storytelling imersivo exige uma nova lógica na construção de narrativas. É importante conhecer as características do metaverso para que as marcas consigam criar novas histórias capazes de engajar e emocionar as pessoas”, apontou o especialista da Artplan.
Para ele, o mercado continuará fazendo histórias, como sempre fez, mas em outros universos, pois isso é um comportamento que nos constitui como pessoas e seres humanos.
Para finalizar, explicou que apesar do aumento de interesse pelo assunto, há muita coisa que precisa ser melhorada. “Ainda há um espaço grande para evolução da experiência. Os dispositivos de óculos VR, por exemplo, são muito caros e pesados”, apontou Teles. No entanto, com a chegada da próxima geração de telefonia móvel, o 5G, a tendência é de que novos players passem a produzir para o novo ambiente, estimulando o ecossistema.
“Talvez, ainda não seja a hora de se jogar de cabeça no metaverso, mas a verdade é que não dá para ignorar o que está acontecendo”, disse.
Fonte: Metrópoles