Oferta do Metrô ‘não atende aos pleitos’, declarou sindicato da categoria. Com a falta de consenso, trens continuam circulando só em horário de pico.
Os metroviários rejeitaram na noite desta quinta-feira (17) uma proposta apresentada pelo governo do Distrito Federal para encerrar a greve da categoria, iniciada em 14 de junho. No Tribunal Superior do Trabalho (TST), a direção do Metrô tinha concordado em suspender a entrega do controle da bilheteria ao DFTrans, discutir à parte o desconto dos dias parados e melhoria nas condições de trabalho.
“Infelizmente, desde janeiro, nós estamos negociando, tentando resolver o impasse. E é isso o que a gente recebe. A gente recebeu essa proposta e infelizmente não atende aos pleitos”, disse Ronaldo Amorim, diretor do Sindicato dos Metroviários. “O governo infelizmente não flexibiliza a negociação com os metroviários.”
Com a falta de consenso, ficará ao cargo da Justiça Trabalhista definir os próximos passos da mobilização. A direção do Metrô informou que vai aguardar o TST se manifestar. Enquanto isso, o Metrô continua funcionando apenas em horário de pico – das 6h às 9h e das 17h às 20h30.
Prejuízo
O Metrô estima um prejuízo de R$ 13 milhões na arrecadação com vendas de passagens por causa da greve dos servidores. A empresa também informou que economizou R$ 648,6 mil em gastos com energia elétrica apenas no primeiro mês da paralisação. O Metrô não divulgou um levantamento considerando todo o período da greve.
Em condições normais, os vagões do metrô operam por 117 horas semanais, enquanto, durante a greve, este período é reduzido para 39 horas semanais. Isso representa queda de 66,7% no tempo de operação.
A companhia alega ter realizado mais de 15 reuniões e audiências com os grevistas, mas sem sucesso nas negociações. O Metrô sustenta que não tem condições de conceder o reajuste pleiteado pela categoria.
Corte de ponto
Nesta terça-feira (16), o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, disse que não pretende pagar os servidores do Metrô pelos dias parados durante a greve, iniciada em 14 de junho. O depósito integral dos salários é uma das condições impostas pelo Sindicato dos Metroviários para aceitar um acordo e poder voltar ao trabalho, após mais de dois meses de paralisação.
“Não existe acordo sem abono de faltas. A greve foi ocasionada pela incompetência da administração. Querem cobrar dos trabalhadores algo que foi culpa deles, até porque a categoria evitou o movimento enquanto pôde”, disse Sousa. “O que vemos é que o governo não tem se movido para resolver a situação.”
Entre as demandas dos metroviários estão a reposição das perdas com a inflação e melhorias de condições de trabalho. “Queremos um ambiente de trabalho ergonômico, que não adoeça tanto o trabalhador, com escalas de trabalho, onde a empresa não fica colocando sobre um empregado o trabalho de quatro outros”, continuou o sindicalista.
Greve não abusiva
No fim de julho, o TST decidiu pela legalidade da greve. A sentença determinava que os dias de paralisação não podem ser descontados da folha. Se o corte de ponto já tiver sido feito, segundo o TST, o Buriti terá que emitir pagamento complementar.
A decisão provisória é assinada pelo presidente em exercício do tribunal, ministro Emmanoel Pereira. Na ocasião, o Metrô confirmou ao G1 que houve corte na folha de julho, mas disse não saber qual será o procedimento para repor os pagamentos.
O diretor jurídico do sindicato, Júlio Oliveira, afirmou que os trabalhadores foram descontados em pelo menos 20 dias de trabalho. Durante a Olimpíada, os funcionários trabalharam normalmente por determinação judicial.
Entenda a greve
Segundo o sindicato da categoria, há déficit de cerca de 800 funcionários. A entidade diz que há 900 aprovados em concurso aguardando covocação. O quadro atualmente tem 1,2 mil servidores.
Os servidores cruzaram os braços em 14 de junho para pedir a convocação dos aprovados no concurso de 2014 e a reposição da inflação anual na data-base (pouco mais de 9%). O salário inicial de um agente de segurança da empresa é de R$ 2,9 mil, o mais baixo da empresa. O maior salário inicial é o de engenheiro – R$ 6 mil.