MPC e MPT pediram à Câmara Legislativa outros dados sobre pessoas com “passe livre” na Casa. CLDF tem prazo de 10 dias para responder
Os Ministérios Públicos de Contas (MPC-DF) e do Trabalho (MPT-DF) do Distrito Federal enviaram um novo ofício à Câmara Legislativa (CLDF) pedindo explicações sobre a liberação de credenciais da Casa para pessoas sem qualquer vínculo formal com o Poder Legislativo brasiliense.
O pedido foi apresentado após a Polícia Legislativa da CLDF prestar esclarecimentos no fim do mês passado a respeito da situação. Na ocasião, foi informado que, só neste ano, 63 pessoas nestas condições teriam recebido autorização — e crachás — de 19 deputados para circular livremente pelas dependências da Câmara. Deste total, pelo menos 14 seriam parentes de distritais.
O documento, assinado pela procuradora do Trabalho Dinamar Cely Hoffmann e pela procuradora-geral do MPC-DF, Cláudia Fernanda Oliveira Pereira, foi expedido na quarta-feira da semana passada (2) e recebido na CLDF no dia seguinte (3). A Casa Legislativa tem prazo de 10 dias úteis para fornecer os documentos e as informações solicitados pelos órgãos de controle.
Informações incompletas
Segundo os MPs locais, as informações encaminhadas em dois ofícios pelo Legislativo brasiliense não teriam atendido integralmente à requisição. Teria havido, inclusive, desencontro de informações entre os dados apresentados pelos gabinetes dos deputados e os que constam dos arquivos da Polícia Legislativa da Casa, responsável pela emissão, registro e controle dos crachás de identificação.
No despacho com o pedido de novos dados, os órgãos requerem informações detalhadas sobre cada uma das pessoas na relação produzida pela Polícia Legislativa da Casa, com dados como profissão; eventual grau de parentesco com servidores ou distritais; identificação do responsável pelo pedido do crachá; atividade exercida na CLDF e remuneração.
Além do pedido mais amplo, o MPC e o MPT pedem à Câmara Legislativa explicações sobre o caso específico de dois deputados: os distritais Rodrigo Delmasso (Podemos) e Juarezão (PSB). Os órgãos querem informações a respeito de Mikael de Souza Barbosa e Johny Martins de Azeredo, aparentemente vinculados aos gabinetes de Delmasso e Juarezão, respectivamente.
O outro lado
A assessoria de imprensa do deputado Rodrigo Delmasso informou que Mikael é responsável pelas mídias sociais do político e funcionário de uma empresa que presta serviço ao gabinete. O pagamento do empregado é feito por meio de verba indenizatória, segundo a assessoria, e não há irregularidade.
À reportagem, a assessoria do deputado Juarezão disse que Johny trabalha no gabinete na área de captação de imagens, divulgando o trabalho feito pelo distrital.
A CLDF foi acionada, mas, até a publicação desta matéria, não respondeu aos questionamentos da reportagem.
Fonte: Metrópoles