Presidente deve denunciar na ONU ser vítima de um ‘golpe parlamentar’. Jaques Wagner, Gleisi Hoffman e José Eduardo Cardozo rebateram oposição.
O evento na ONU será a cerimônia de assinatura do acordo elaborado no ano passado, em Paris, sobre mudança do clima.
“Dilma vai para o exterior para marcar mais um ponto alto produzido pelo seu governo, que foi a assinatura do acordo do clima (COP21). Nele há um reconhecimento internacional da conquista deste marco em defesa do meio ambiente”, disse Wagner. “Ela será perguntada sobre momento político atual, e não poderá deixar de manifestar sua indignação com o golpe que se está se construindo no Brasil. Que o processo em curso é artificial e falso, porque Dilma é uma mulher honesta que não cometeu nenhum crime, e o que está havendo no país é o mau uso do impeachment.”
O ministro pediu que os que pensam contrariamente guardem sua convicção “e tenham respeito pela dela”. “Já está claro para a imprensa internacional a existência um golpe dissimulado para tomar a presidência da República. Qualquer cidadão brasileiro tem sua opinião, mas não neguem a ela, presidenta, o direito de ter sua”, afirmou.
A senadora petista Gleisi Hoffman afirmou achar normal que a presidente use a tribuna internacional e as entrevistas para se defender. “É possível que ela fale da tribuna e eu não veria problema nenhum em falar, porque senão ia ser um discurso falso. Vai falar sobre um monte de assunto e aquele assunto que é o principal do país e que inclusive pode desse assunto dar a decisão pros demais que ela vai impactar e ela não vai falar?”, disse.
Para Gleisi, Dilma deve sim falar sobre a crise atual na ONU, “Eu acho que ela tem que falar a crise que nós estamos passando, a situação que nós estamos passando e, portanto, diante disso, até as condições que o Brasil tem de entregar o prometido. Ela vai ser muito questionada pela imprensa, por representantes de outros países, acho que é até uma oportunidade pra ela colocar o seu ponto de vista e esclarecer”.
Questionado sobre a estratégia de defesa, o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, disse que só trata do processo no Brasil. “A presidenta está cuidando desse assunto da ONU, eu estou cuidando exclusivamente da defesa do país e [ela] falará obviamente aquilo que entender que deve ser falado”.
Críticas
Mais cedo, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e integrantes da oposição criticaram a viagem da presidente e o uso da palavra “golpe”.
No período em que a presidente estiver no exterior, o vice-presidente Michel Temer assumirá interinamente a Presidência. Segundo a assessoria da Vice-presidência, Temer pretende permanecer em São Paulo durante o período em que Dilma estiver nos Estados Unidos.
Desde que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acolheu o pedido de impeachment, em dezembro do ano passado, Dilma e aliados passaram a defender que a petista é alvo de uma tentativa de “golpe” porque, segundo eles, não há caracterização de um crime de responsabilidade.