A idealizadora dos vitrais da Catedral Metropolitana, Marianne Peretti, teve a celebração da missa do sétimo dia realizada às 18h deste domingo (1º/5), no mesmo local do seu mais famoso projeto. A artista plástica também é responsável por outros vitrais de Brasília, como os do Panteão da Pátria e do Memorial JK, mas confessava que o trabalho predileto era o da Catedral. Com reconhecimento internacional e destaque por ter inovado a arte do vitral, artistas, amigos e familiares participaram da cerimônia marcada pela emoção e pela saudade. Marianne faleceu na última segunda-feira (25/4), aos 94 anos, em Recife.
Pároco da Catedral Metropolitana, Paulo Renato destacou à reportagem a gratidão que sente pela artista. “Ela nos deu essa grande beleza. Hoje estamos aqui com a família, pedindo a Deus por ela. Mas a palavra é de gratidão pela obra que ela deixou aqui em Brasília”, ressaltou.
A beleza dos vitrais com a singularidade da arquitetura da Catedral é o que traz, sempre que tem uma oportunidade, Kassiano Alves, 24 anos, e Thais Farias, 30 anos, a visitar o espaço e participar das missas. “A Catedral é muito bonita e identifica o DF”, pontuou Kassiano. Thais acrescentou: “e os vitrais tem uma beleza única, não encontramos em nenhum outro lugar algo tão bonito”.
Por isso, uma das amigas de Marianne, Selma Deud Brum, 70 anos, afirma que é privilegiada. “Ganhei de presente um vitral da Marianne, ele fica na minha sala de jantar. É a coisa mais linda, em cores azuis, brancas e amarelas. Digo que sou privilegiada porque tenho a arte dela em casa, tão perto de mim, e são poucos que podem dizer isso”, defende.
Amor por Brasília
Na manhã deste domingo, às 10h, a Igreja Rainha da Paz também celebrou a missa do 7º dia pela alma de Marianne. Ao Correio, a filha da artista, Isabela Peretti, contou que em dezembro de 2021 a mãe visitou a capital do país. “Não chamei a imprensa na época porque era para ser mais um encontro de mãe e filha. Mas ela estava planejando vir aqui de novo em abril deste ano. Ela amava Brasília, e principalmente o céu da cidade”, confessou.
Marianne foi velada na tarde de sábado (30/4), no Cemitério Campo da Esperança, com a presença de amigos, admiradores e familiares, uma iniciativa de Isabela. “As obras mais importantes dela estão aqui em Brasília e ela gosta muito da cidade. Trabalhou muitos anos aqui. A Catedral era a obra de arte que ela mais gostava e que também deu mais trabalho para ela. Também era aqui que ela tinha os amigos que a ajudaram. Por isso, acho importante que ela esteja homenageada aqui”, acrescenta a filha da artista.
Depois de ser velada, o corpo de Marianne foi levado para o crematório de Valparaíso de Goiás. Filha de mãe francesa e de pai pernambucano, a vitralista nasceu em Paris e chegou ao Brasil em 1956, aos 29 anos. Pouco tempo depois, ela conheceu Oscar Niemeyer. A vitralista foi a única mulher a integrar a equipe de artistas responsáveis pela construção de Brasília.
Fonte: Correio Braziliense