Brasileirinhos de cinema para crianças inicia nesta terça, no CCBB, e vai até o dia 27 de janeiro
A mostra Brasileirinhos de cinema para crianças abre as portas para o público a partir de terça (8/1). O evento voltado para a inserção cinematográfica ao público jovem (de 3 a 16 anos) promete levar verdadeiros clássicos à telona, como Sinfonia amazônica, primeira animação em longa-metragem do Brasil, assim como novas estreias do gênero, como Sobre rodas de Mauro D’Addio. Além daqueles filmes que marcaram a infância de vários adultos, tais como Castelo Rá-Tim-Bum e Tainá. No total, serão exibidos 33 películas entre curtas, médias e longas com o objetivo de fazer os jovens se apaixonarem pelo cinema.
“A mostra foi criada com a necessidade de exibir clássicos do cinema nacional para o público infantil. As gerações mudam muito rápido e, às vezes, é fácil para uma obra ficar esquecida. Então, nosso objetivo era fazer esse resgate”, explica Luísa Berlitz, uma das curadoras desta edição do festival, que começa nesta terça (8/1) e vai até 27 de janeiro.
“Escolhemos filmes de diversas épocas, a produção brasileira é forte. A gente conseguiu homenagear filmes com uma carreira, adaptados para públicos com necessidade especial. São sessões que têm libras e outros recursos”, pontua Luísa, em referência as algumas sessões que contarão com legendas descritivas, audiodescrição e tradução em libras para os pequenos com necessidades especiais.
Além dos filmes, estão programadas oficinas, brincadeiras e atividades educativas em relação aos filmes.
Educação
Um dos pontos chave da mostra é a apresentação da produção cinematográfica nacional por um prisma que vai além do entretenimento, e aposta no cinema como uma vertente pedagógica e de referência sociocultural. “A gente também vai homenagear os filmes que foram as primeiras animações. Então, a gente tentou trazer ícones, sejam longas ou curtas, que também têm produções de diversos estados, para também que as crianças possam perceber essas várias realidades bem diferentes que existem no cinema, a gente sente um pouco de falta dessa diversidade, e como mãe eu sei que às vezes minha filha não pode ser representada, nem sempre dá pra se identificar com uma princesa da Disney. A nossa preocupação era isso, que as crianças pudessem se identificar e trocar uma ideia sobre isso nos filmes”, defende Luísa.
Opinião parecida tem o cineasta Renan Montenegro, que apresenta terça (8/1), a partir das 15h, a mais recente produção, o filme O menino leão e a menina coruja: “Eu acredito que o cinema seja um veículo de transmissão de conteúdo e formação de opinião muito forte. Eu mesmo aprendi muita coisa com o cinema quando era criança, desde contextos mais instrumentais até o ético e moral. Há também a questão cultural que o cinema tem muita pulsão, o cinema é uma ferramenta poderosa por envolver cênicas, música e mais”.
O brasiliense aproveita para comentar como essa vertente pedagógica está presente no mais novo trabalho: “Esse filme foi feito com auxílio do FAC e é uma fábula que trata figuras animalescas com emoções humanas. O filme fala sobre bullying e respeito às diferenças. Então, a gente usou as figuras dos animais para mostrar os perfis das crianças. Esse filme já circulou bastante. Fomos à Índia, Romênia e Bolívia, e inclusive ganhou alguns prêmios no Festival de Cinema de Brasília no ano passado”.
Neste domingo, Montenegro também será o responsável por uma das oficinas do evento, a Oficina de Crítica e adianta um pouco do que planejou para as atividades: “Vamos passar uns dois ou três curtas que tenham dentro das suas estéticas questões que despertem a reflexão nas crianças. Eu sou um cara que segue essa linha infantojuvenil e já adianto que existem vários projetos”.
Padrão de qualidade
Mais do que simplesmente levar as crianças para ver uma superprodução norte-americana em animação, Luísa defende que o cinema infantojuvenil tem uma complexidade maior, e entender como os pequenos lidam com esta forma de arte é fundamental para que a mensagem seja completamente entendida. “Na verdade, eu acho que existe uma padronização (nos filmes infantis) em relações a fatores mais amplos, como as questões técnicas. Por exemplo, a duração dos filmes, que internacionalmente pensa mais na consciência do adulto e não é para as crianças. Elas não têm uma capacidade de concentração por mais de uma hora. A gente tinha trabalho no festival de cinema dinamarquês há um tempo, e aprendemos muito com isso, e a questão da duração foi um foco nesta amostra”, argumenta.
Nesse sentido, existiram sessões programadas para crianças em idade pré-escolar (3 a 7 anos); Brincante 1 (indicada a partir dos 3 anos) e Brincante 2 (recomendada a partir dos 5); Programa Cinefilinhos (a partir dos 8 anos ou mais); Sessão Sobre Rodas (a partir dos 10 anos) e Sessão Curtinha, com trilha sonora ao vivo.
Produção nacional
A mostra Brasileirinhos de cinema para crianças não caiu de paraquedas. Montenegro considera importante frisar o quanto o evento ocorre em associação a uma produção nacional de destaque para o público infantojuvenil: “Eu vejo que há uma crescente na produção geral. No caso do Brasil, percebo que existem alguns produtos que merecem destaque por estarem sendo assistidos pelas crianças, mesmo com grande produção internacional como concorrência”.
O cineasta ainda pontua a responsabilidade dos profissionais que trabalham neste gênero, afinal, fazem parte do futuro do público do cinema nacional: “É importante frisar a responsabilidade dos realizadores para fazer um conteúdo de qualidade para as crianças como enorme, porque a gente faz parte da formação desse público que será o futuro do país e do cinema”.
Serviço
Mostra Brasileirinhos de cinema para crianças
CCBB (SCES, Tc. 2). Terça (8/1), a partir das 14h30, até o próximo 27 de janeiro (confira programação completa no site). Dia 8/1 – e as terças e quintas-feiras – as sessões serão gratuitas. Nas sessões de sexta-feira a domingo a entrada custa R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia-entrada). Classificação indicativa livre. Fonte: Portal Correio Braziliense