Um mês depois de o motorista aposentado Josias Nunes de Oliveira , 69 anos, prestar depoimento à Comissão da Verdade de São Paulo, será a vez de a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais escutá-lo. Josias é peça-chave do acidente que matou o ex-presidente Juscelino Kubitschek, em 22 de agosto de 1976, pois dirigia o ônibus da Viação Cometa, que teria fechado o Chevrolet Opala dirigido pelo motorista de JK, Geraldo Ribeiro. O Opala perdeu o controle, atravessou a pista — no Km 165 da Rodovia Presidente Dutra, próximo a Resende (RJ) — e foi atingido por uma carreta Scania.
Josias é a principal testemunha. Já foi indiciado como culpado e considerado inocente pela Justiça. O depoimento será hoje, às 10h, no Plenarinho IV da assembleia de Minas. De acordo com o deputado estadual Durval Ângelo (PT), que solicitou a audiência, o surgimento de novos fatos caracteriza como atentado político o acidente que provocou a morte de JK e de seu motorista.
O deputado se refere ao que disse Josias na Comissão da Verdade de São Paulo. Josias contou que recusou uma mala de dinheiro oferecida por dois homens que foram de motocicleta à sua casa para que assumisse o suposto crime. “Queriam que eu me declarasse culpado e disseram que, se eu não pegasse o dinheiro, bateriam em mim”, afirmou. Em junho do ano passado, o Estado de Minas entrevistou Josias, que não falava com a imprensa desde a época do acidente. Na ocasião, Josias disse que se considerava uma vítima da história e de reportagens da época. “Se eu fosse fraco, teria feito bobagem. É duro pagar sem dever”, lamentou.