Só na Asa Norte, dois postos oferecem descontos de até R$ 0,20 no litro do combustível para os condutores do aplicativo
Em tempos de crise, a Uber, quem diria, tem ajudado a movimentar a economia do Distrito Federal. Além de se tornar opção de renda para motoristas, muitas vezes desempregados, funcionários da empresa têm feito parcerias com estabelecimentos comercias pela cidade com o objetivo de conseguirem descontos para a “categoria”. Com isso, postos de combustíveis, oficinas, lava jato a até mesmo restaurantes oferecem preços menos para os condutores do serviço de transporte individual.
Só na Asa Norte, dois postos de combustíveis – Um na quadra 109 e outro na 202 – oferecem valores especiais e o desconto chega a R$ 0,20 por litro. “Há três meses, um motorista do aplicativo sugeriu a parceria. Pediu desconto e se comprometeu a trazer ao menos 15 carros para abastecer aqui no posto diariamente. No dia seguinte, apareceram 30. A parceria tem dado certo e nos ajuda a bater a meta de vendas mensal”, explica o gerente do posto da 109 Norte, Adriano Jorge.
Em apenas 20 minutos no posto, a reportagem contou três carros executivos ligados à Uber enchendo o tanque. Por dia, o posto atende cerca de 100 condutores do aplicativo. O lucro, segundo o gerente, aumentou em 50%. “Outra peculiaridade é que eles, em sua maioria, pagam a vista”, completa Jorge.
Com o preço salgado do combustível no DF, alguns motoristas chegaram a tentar enganar os frentistas se passando por parceiros do aplicativo. Para evitar fraudes, os frentistas checam o cadastro do condutor no aplicativo, assim como a placa e modelo do veículo.
Na mesma quadra, são oferecidas troca de óleo e lavagem também com desconto de 10% e R$ 5, respectivamente. “Chego a lavar o carro três vezes por semana. Preciso mantê-lo limpo para atender os clientes. Esses postos nos oferecem até um seguro lavagem. Se chover posso voltar lá e pedir a limpeza sem pagar nada a mais por isso. Essa parceria ajuda bastante, uma vez que o nosso investimento é alto”, conta Marcos Almeida, motorista do Uber há três meses.
Zero quilômetro
O motorista José Ricardo Souza, 34 anos, aproveita as parcerias para reduzir os custos. Há dois meses comprou um carro 0 km e aproveitou um desconto de 10% oferecido por uma montadora japonesa para adquirir um sedã executivo. “No total, deu R$ 7 mil de diferença no preço final. Comparado aos 30% que os taxistas têm direito, ainda é pouco, mas já ajuda, né”, diz o profissional, que fechou uma loja de distribuição de bebida para virar condutor do aplicativo.
Souza roda, em média, 400 km por mês. Segundo ele, as parcerias oferecidas pelas empresas da cidade ajudam a diminuir os gastos com a manutenção do veículo.
Como alguns restaurantes da cidade já estão oferecendo descontos exclusivos para profissionais da Uber, ele acaba pagando apenas R$ 10 pela refeição. “Como trabalho de 10 a 12 horas por dia, tenho que comer fora e essas parceiras têm nos ajudado bastante”, diz Souza.
Regulamentação
A decisão sobre a regulamentação do Uber deve ficar para 2016. Depois da audiência pública sobre o tema, realizada em 3 de dezembro, na Câmara Legislativa, o governo admitiu que o prazo para análise do projeto seria curto. Deputados pediram mais tempo para votar a proposta.
Em junho deste ano, o governo apresentou o projeto que pretende regulamentar o Uber no DF. A proposta impede, por exemplo, o uso do veículo por mais de uma pessoa. “Não há cadastramento de motorista auxiliar”, afirma o texto. Os taxistas hoje dividem o veículo com outros motoristas.
“São serviços complementares. Não competem. O Uber também está aberto para cooperativas, empresas brasileiras e multinacionais. Motoristas individuais não poderão oferecer o serviço”, disse, à época, o subsecretário de Serviços da Secretaria de Mobilidade, Roberto Pojo.