rodoviários de São Paulo mantiveram nesta quarta-feira o protesto por reajuste salarial e melhores condições de trabalho e bloquearam ao menos 12 garagens no início desta manhã na capital paulista. Segundo a São Paulo Transporte (SPTrans), as empresas Santa Brígida, Gato Preto, Via Sul, Campo Belo e Sambaíba paralisaram as operações. Por volta das 7h, a viação Campo Belo voltou a operar e a garagem M’boi Mirim, da VIP foi paralisada.
Em meio aos atos de protestos de parte da categoria, os terminais Lapa, Cachoeirinha e Parque DOm Pedro II foram fechados. Na zona sul, oito ônibus foram usados para bloquear a avenida Guarapiranga, mas a via foi desbloqueada por volta das 6h.
De acordo com o motorista Raimundo Barbosa Nunes, 50 anos, que está parado no terminal da Lapa desde ontem, às 10h, a paralisação deve continuar e se intensificar até a Copa do Mundo. “Se não tiver negociação, vamos travar a cidade no dia da abertura da Copa. Se não tiver acordo, vamos parar tudo e sabemos que a Dilma está com medo”, falou.
“Só demos continuidade (à paralisação) porque não tivemos respostas. O prefeito falou que teve 19% de aumento, mas o sindicato só passou pra gente 10%. O sindicato pisou na bola”, reclamou Raimundo.
Ontem, por meio de nota, a direção do Sindicato dos Motoristas de São Paulo informou que foi surpreendida com as manifestações realizadas na cidade por alguns trabalhadores contrários ao acordo da campanha salarial deste ano.
“Nesta segunda-feira, em Assembleia Geral, mais de 4 mil trabalhadores aprovaram a proposta apresentada que prevê, entre outros, o aumento de 10% no salário; ticket mensal de R$ 445,50; PLR de R$ 850,00; 180 dias de licença maternidade. Ficou determinada a criação de uma Comissão para discutir outras questões como convênio médico e situação do setor de manutenção.”, informou o sindicato, confirmando o acordo pelo aumento de 10% do salário.
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), disse, em entrevista coletiva realizada ontem, não concordar com a greve de motoristas e cobradores de ônibus ocorrida nesta terça-feira na cidade, principalmente por não ter havido aviso. “Ainda que possa ter havido uma divergência, eu acho que a maneira correta de proceder não é levando para as ruas algo desconhecido”, disse.
“Há uma delegacia regional do trabalho, há uma Justiça do Trabalho que poderiam ser acionadas se houvesse legitimidade no pleito dessas pessoas”, completou Haddad.
O motorista Marcos Costa, 47 anos, que também cruzou os braços não Terminal Lapa, reconheceu o impacto da paralisação na população, mas culpou mais uma vez o sindicato pelo movimento. “Não há necessidade de o povo sofrer, mas não teve esclarecimento. Quem paga é o povo. O sindicato está nos roubando e nós só queremos esclarecimento”, disse.
O motorista disse ainda ser contrário aos atos de vandalismo praticados contra os veículos. “Esse negócio de fogo no ônibus e furar pneu é coisa de marginal. Não pode ter violência. A lei está ao nosso favor, mas sabemos que é um tumulto, mesmo assim é aconselhável que ninguém saia de casa”, alertou.
Apesar dos problemas no transporte coletivo, a Companhia de Engenharia de Tráfego anunciou que não iria suspender o rodízio de veículos na cidade.
Também na manhã desta quarta, duas empresas do transporte intermunicipal pararam de operar. Segundo a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU), funcionários das viações Osasco e a Pirajuçara cruzaram os braços. Uma das exigências dos manifestantes é a equiparação salarial em relação aos motoristas da rede municipal.
Fonte: Terra